Díli, 18 dez (Lusa) - O Banco
Central de Timor-Leste (BCTL) anunciou hoje o lançamento do primeiro sistema
eletrónico interbancário, o P24, desenvolvido pela empresa portuguesa SIBS, que
vai ser usado, inicialmente, por dois dos cinco bancos comerciais do país.
"O P24 que hoje lançamos
representa o empenho do setor bancário timorense em criar um sistema de
pagamento moderno e interoperável, para ajudar o público a conseguir realizar
transações de forma mais eficiente", explicou o vice-governador do BCTL,
Venâncio Alves Maria.
A empresa portuguesa SIBS foi
contratada pelo BCTL para implementar o primeiro sistema eletrónico
interbancário que permitirá aos clientes de todos os bancos que operam no país
aceder a uma rede idêntica ao Multibanco português.
Desenhado para ser operado em
quatro línguas, português, tétum, inglês e indonésio, o P24 permitirá, quanto
estiver totalmente desenvolvido, abranger as transações ou pagamentos em
multibancos, pontos de venda e telemóveis.
A diretora geral adjunta do Banco
Nacional Ultramarino (BNU) em Timor-Leste, Carolina Letra, afirmou que se chega
agora a uma "etapa muito importante no desenvolvimento do sistema de
pagamentos em Timor-Leste", permitindo a "qualquer cartão emitido por
qualquer banco em Timor-Leste poder ser usado em qualquer ATM [caixa
automática] independentemente do banco a que pertence".
Numa primeira fase, o sistema vai
abranger clientes do português BNU e do indonésio Mandiri, estando ainda a
decorrer o processo de integração interna no timorense BNCTL e do também
indonésio BRI.
O governador do BCTL, Arão de
Vasconcelos, sublinhou a natureza histórica deste "evento de transformação
importante no sistema financeiro de Timor-Leste", que permite aumentar o
acesso ao sistema de pagamento do país e consolidar a estratégia nacional para
o desenvolvimento do sistema financeiro timorense.
Carolina Letra explicou que o
sistema está já operacional em 39 dos 42 caixas automáticas do BNU ajudando a
"facilitar a inclusão financeira e a acessibilidade aos meios de pagamentos",
ajudando assim no esforço de "redução de numerário" a circular na
economia timorense.
"Estes projetos não são
fáceis, envolvem entidades com diversas perspetivas e interesses, com elevados
desafios tecnológicos e 'know how'. Há ainda situações a ajustar e melhorar,
quer ao nível técnico, quer formal, o que deverá ocorrer de seguida",
disse.
A rede abrange quer caixas ATM,
quer postos de pagamento [POS/TPA] instalados nos estabelecimentos comerciais,
com acesso às principais transações bancárias, de acordo com a informação
divulgada pelo BCTL.
Progressivamente, a rede aceitará
cartões internacionais da marca Visa e, mais tarde, de outras redes, incluindo
Mastercard e Union Pay.
O projeto inclui ainda a
interligação entre as operadoras de telecomunicações (Timor Telecom, Telemor e
Telkomcel), permitindo o desenvolvimento do sistema Mobile Money.
Trata-se, explicaram as
autoridades bancárias, de "facilitar a inclusão financeira e oferta de
serviços bancários mínimos às populações que vivam em zonas mais remotas",
procurando reduzir a economia em dinheiro (numerário), ainda dominante no país.
Timor-Leste usa o dólar
norte-americano como moeda, pelo que a importação, transporte, contagem e
demais operações com dinheiro vivo se tornam particularmente caras para os
operadores bancários.
Quando estiver a funcionar em
pleno, a nova rede interbancária permitirá também o pagamento de impostos e
outras taxas, operações que estão agora a ser feitas, na quase totalidade, aos
balcões do BNU.
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