O
ex-Presidente timorense José Ramos-Horta disse hoje que a operação para tentar
capturar Mauk Moruk, líder de um grupo ilegal perseguido pela polícia e forças
armadas de Timor-Leste desde março, poderá ter um desfecho "em breve".
"Acredito
que o processo pode ter uma solução muito em breve porque há contactos entre
eles, com os advogados, o tribunal para que haja uma solução aceitável para ele
e para o Estado", disse José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa em Díli.
Questionado
sobre qual seria a "solução aceitável", Ramos-Horta disse que Mauk
Moruk, líder do Conselho da Revolução Maubere (CRM), tem que "responder à
boa vontade do Governo, que já retirou as forças" da região onde se
encontra e, em contacto com as autoridades, deve "regressar a Díli com
todas as garantias de segurança".
Ramos-Horta
referiu que é partidário de que apesar do mandado de captura que existe sobre
Mauk Moruk este não deve ser preso e poderá mesmo aguardar a conclusão do
processo judicial em casa.
Uma
conclusão, admitiu, "que pode ser também via diálogo entre os advogados, a
procuradoria e o tribunal", procurando "uma solução que não fira a
Constituição e as leis, mas que, no quadro timorense, concilie as duas
situações: uma política e outra legal".
Questionado
sobre a demora na captura, num país onde a rede de informações continua a ser
bastante ativa, Ramos-Horta indicou que Mauk Moruk só ainda não foi capturado
porque as autoridades não querem.
"As
forças armadas sabem exatamente em cada momento onde ele possa estar. Só que
têm tido ordens rigorosas por parte do comando, do Presidente, do
primeiro-ministro, para não fazer uso da força", disse.
"Eles
e eu não queremos ver um único morto. Sabe-se que ele tem apenas uma ou duas
armas. A estratégia do Governo foi apenas de o fazer cansar e entregar-se. Pode
demorar o tempo que demorar, desde que se poupe uma vida, isso é preferível. É
a conversa que tenho tido com o Presidente e com o Governo", sublinhou.
Ramos-Horta
considerou que o próximo passo cabe ao próprio Mauk Moruk, que deve, primeiro,
"fazer uma declaração pública de renúncia a qualquer ato de violência ou
de instigar os seus elementos à violência".
Isso
cria "as primeiras condições para que seja transportado para Díli e seja
tratado condignamente e tenha todo o apoio do Governo para tratamento da saúde,
psicológico ou psiquiátrico".
Nas
últimas semanas tem aumentado a polémica em torno da operação contra Mauk
Moruk, tanto pelo seu custo (ainda não confirmado pelo Governo), como pela até
agora falta de êxito, com o tema a dominar a atenção da imprensa timorense.
A
decorrer desde março, a operação de nome código Hanita, que envolve centenas de
efetivos da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e das Forças de Defesa de
Timor-Leste (FDTL), já provocou cinco feridos entre as forças de segurança.
As
notícias dão conta de comentários, criticas e acusações, a par de um elevado
número de rumores, que envolvem Mauk Moruk, o Governo, as forças de segurança e
o Presidente da República num caso que se arrasta desde o ano passado.
O
Estado timorense surge, muitas vezes, apenas a reagir a notícias ou informações
divulgadas por apoiantes, fontes próximas a Mauk Moruk ou em entrevistas ao
próprio.
No
decurso da operação, já se renderam ou foram capturados 468 elementos do grupo
de Mauk Moruk, que se diz ex-líder da resistência mas que é considerado traidor
da resistência timorense - tendo participado com os indonésios na luta contra a
guerrilha.
"O
senhor Mauk Moruk é uma pessoa muito instável emocionalmente. Carece de apoio
médico e tem problemas graves de saúde neste momento", disse Ramos-Horta.
"É
conhecido o seu background, o seu passo e não apresenta a mais pequena ameaça
de segurança. Mas precisamente e porque o Governo tem a força nas mãos, mas
também a razão e a lei, é preferível agir com muita serenidade para que não
haja mais mortos", sublinhou.
Notícias
ao Minuto com Lusa