Díli, 20 abr (Lusa) - O líder da
Frente Mudança, um dos partidos timorenses da coligação pré-eleitoral Frente de
Desenvolvimento Democrático (FDD), José Luís Guterres, demitiu-se do partido e
declarou apoiar a coligação AMP, liderada por Xanana Gusmão.
Fonte da Frente Mudança (FM)
confirmou à Lusa que José Luís Guterres foi substituído temporariamente na
presidência do partido por Egídio de Jesus, depois de uma carta em que dá
conhecimento da intenção de se juntar à Aliança de Mudança para o Progresso
(AMP).
Além da FM, a FDD é integrada
pelo Partido de Unidade e Desenvolvimento Democrático (PUDD), pela União
Democrática Timorense (UDT), e pelo Partido Desenvolvimento Nacional (PDN).
José Luís Guterres, que no
passado foi membro da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente
(Fretilin), foi ministro dos Negócios Estrangeiros no V Governo, liderado por
Xanana Gusmão, e deputado pela FM entre 2015 e 2017.
Nos últimos dias, José Luís
Guterres tem participado em vários comícios da AMP, que é liderada por Xanana
Gusmão e por Taur Matan Ruak, formalizando a ligação à coligação.
Em conferência de imprensa,
Agostinho Gomes, presidente da FDD, confirmou o afastamento de José Luís
Guterres, afirmando que a coligação "respeita a decisão de se juntar à
campanha da AMP".
"A FDD respeita o direito
político do irmão 'Lugo' [como é conhecido José Luís Guterres]. Isso não tem
impacto na FDD. O irmão 'Lugo' vai para a AMP como pessoa. A estrutura do FDD
continua sólida", garantiu aos jornalistas.
Gilman dos Santos, líder da UDT e
presidente para Assuntos Relevantes, da FDD, disse à Lusa que a saída "não
afeta" nem a FM nem a FDD.
"Sai um e entram 10 ou 20.
Foi decisão pessoal", afirmou.
No passado vários dirigentes da
FDD tinham sugerido o seu eventual apoio à AMP ainda que, formalmente, o
partido insista que só tomará uma decisão de eventual apoio "depois das
eleições".
"Não tomámos qualquer
decisão. Isso será feito depois das eleições", explicou.
Além da saída de José Luís
Guterres, o futuro eleitoral da FDD pode ser afetado por algumas divisões
internas na UDT, com militantes do partido a declarar publicamente o seu apoio
à Fretilin.
Na véspera da FDD formalizar a
candidatura, um os membros iniciais do grupo, o Partido Republicano (PR)
decidiu afastar-se por considerar não ver representados os seus interesses no
projeto de coligação pré-eleitoral.
"O objetivo do PR era com a
FDD criar uma força política alternativa, baseada nas ideias do centro-direita,
que consideramos ser um espaço aberto aqui. Depois percebemos que não havia
essa vontade e que a aproximação política não dava para ser alternativa",
explicou João Saldanha, responsável do PR.
A própria FDD é uma nova
coligação nascida de divisões internas no seio de outra proposta de coligação,
a Frente de Desenvolvimento Nacional (FDN). Inicialmente, a FDN englobava nove
partidos, que acabaram por formar outras coligações.
A campanha eleitoral para as
legislativas antecipadas em Timor-Leste termina a 09 de maio. A votação
realiza-se a 12 de maio.
ASP // EJ