Macau,
China, 30 jun (Lusa) -- Os veterinários que cuidam dos pandas gémeos nascidos
em Macau no domingo estão otimistas quanto ao desenvolvimento do mais novo, que
nasceu com 53,8 gramas, considerado "ultraleve" e o segundo mais
pequeno do mundo.
"Está
a desenvolver-se bem, já ganhou o peso original, de nascença, ontem
[quarta-feira]. Normalmente, os pandas gigantes perdem algum peso devido à
perda de fluidos corporais, mas agora já ganhou. Esta manhã o peso já era de
57,9 gramas, o que é um bom desenvolvimento", explicou à Lusa a
veterinária Eva Lam.
O
'irmão mais novo' dos gémeos de Macau é o segundo panda a nascer com menos peso
no mundo, tendo o primeiro nascido com 51 gramas, em Chengdu (China), referiu a
especialista.
"Neste
momento estamos muito otimistas, mas depende muito de como as coisas se
desenvolvem. Não podemos saber como vai reagir a cada refeição. Ainda é muito
novo e não conseguimos dizer, só pelo aspeto, quão desenvolvido está. Ainda é
muito pequeno para outros exames ou intervenções, por isso só verificamos o
peso, a temperatura e o comportamento", indicou.
Os
irmãos, dois machos, estão ambos a ser alimentados exclusivamente com leite da
mãe, Sam Sam, mas enquanto o mais velho, que nasceu com 135 gramas (peso
normal, já que o médio é 100 gramas), mama junto da progenitora, o mais novo é
alimentado através de um biberão.
Os
dois passam os dias em incubadoras, mas enquanto o maior sai para mamar,
criando um laço com a mãe, o mais novo tem de lá passar, por enquanto, todo o
tempo.
"Estão
na incubadora porque é preciso controlar a temperatura ambiente, que deve ser
de 35 ou 36 graus. Também a humidade tem de estar controlada entre os 60 e os
80%", informou a veterinária.
As
crias ficam habitualmente entre 25 a 30 dias na incubadora e a saída "não
é como a dos bebés humanos, que simplesmente são retirados" de um dia para
o outro. "Vamos abrir a porta algumas vezes, com o objetivo de
gradualmente fazer com que a temperatura e a humidade sejam próximas das do
ambiente", apontou Eva Lam.
O
tempo de separação entre a cria mais nova e a mãe pode fazer com que, quando
finalmente forem reunidos, Sam Sam rejeite o filho, mas a veterinária está
confiante que tal não vá acontecer: "No geral, no caso de gémeos, a mãe
rejeita um porque não consegue tratar dos dois. Mas quando Xin Xin [nome em
mandarim de Sam Sam] deu à luz, cuidou dos dois, por isso estamos otimistas que
vá aceitar o filho".
Eva
Lam explicou ainda que, apesar de no passado o habitual ser uma fêmea dar à luz
uma cria, hoje em dia, com o recurso a inseminação artificial, ao mesmo tempo
do acasalamento natural, o nascimento de gémeos é mais comum.
A
especialista não põe de parte que o casal Hoi Hoi e Sam Sam volte a procriar,
mas para isso é necessário "um ou dois anos" de descanso. "Para
o ano não vão acasalar, para garantir que tudo está bem com a saúde e que os
bebés têm leite, já que normalmente mamam até terem um ano e meio",
explicou.
Por
agora, como a maioria dos bebés, os gémeos comem e dormem: são alimentados a
cada duas horas, durante 15 a 30 minutos, e passam o resto do tempo a dormir.
O
próximo ano, explicou a veterinária, vai ser de "dramático
crescimento": "Agora são cor-de-rosa com pelos brancos. Dentro de um
mês vão desenvolver a cor preta nas orelhas, patas, nos ombros e por fim nas pernas.
O pelo branco também vai aumentar. Vão ganhar peso rapidamente, às dez semanas
já vão ter três quilos e quando tiverem um ano podem subir para 30
quilos".
Também
a visão se vai desenvolver, já que agora são cegos. "Em média, os olhos
abrem quando têm entre 50 a 90 dias, mas mesmo depois de os abrirem, a visão é
ainda muito enevoada e aos 90 dias só veem objetos a um metro de
distância", referiu.
Atualmente,
há 16 especialistas a assistir a família de quatro, incluindo 12 tratadores,
três veterinários e uma pessoa responsável pelas análises. Três destes
profissionais vieram de Chengdu, na província chinesa de Sichuan, onde fica um
dos maiores centros de investigação e reprodução do mundo.
Quanto
aos nomes dos gémeos, Eva Lam disse que a decisão caberá ao Instituto para os
Assuntos Cívicos e Municipais, "que formará um comité e vai ouvir as
pessoas" -- no caso dos pais, foi realizada uma consulta pública. No
entanto, mesmo não lhe cabendo a decisão, tem uma sugestão: "Ficámos muito
contentes porque no dia em que nasceram estava sol, por isso gostava que os
nomes deles estivessem ligados à luz do sol, à alegria".
ISG
// VM