A sociedade timorense está neste momento a atravessar um período como o anterior a 2006, apesar de saber não estar tudo bem há paz social. Certamente que é esta onda de estabilidade social que o governo da AMP quer aproveitar para prolongar e desenvolver o seu programa de ação.
Compreende-se que o primeiro-ministro seja perentório quando demonstra receios de que a anunciada Marcha da Paz instigue ânimos à violência e se exceda dizendo que põe a população na cadeia. Apesar de podermos compreender temos a obrigação de não concordar se eventualmente puser em prática aquilo que disse.
Aquelas declarações demonstraram a impreparação da elite timorense para lidar com matérias políticas e elas próprias podem tornar-se incendiárias. Teria sido melhor o primeiro-ministro não ter abordado o assunto da Marcha da Paz com tanta antecedência e não ter ameaçado a população. De qualquer modo, também errando se aprende.
Na verdade foi o que aconteceu, o primeiro-ministro Xanana Gusmão já veio hoje dizer em conferência de imprensa que o seu governo vai “permitir que haja manifestação porque é um direito constitucional mas estamos preocupados com o risco de uma nova onda de instabilidade”.
Claro que sim. Nem podia deixar de ser de outro modo. O primeiro-ministro, o governo, não têm o direito de subverter a Constituição da República de Timor-Leste. Só se declarasse o Estado de Exceção é que o governo teria todos os poderes para proibir a liberdade de manifestação conforme pretendido pela Marcha da Paz. Não é tempo para isso.
Afinal tudo vai de encontro ao que tenho vindo a afirmar: as elites timorenses estão impreparadas para assumir os cargos que lhes competem e no caso de Gusmão foi flagrante. Meritório que tivesse recuado na sua posição e referido os seus legítimos receios, devendo para isso usar o diálogo com os dirigentes da oposição em vez de fazer declarações incendiárias, que nada resolvem, antes pelo contrário.
Importa referir que também os dirigentes da oposição estão a aprender, tal como quase todos os timorenses. Viver em democracia implica nunca nos esquecermos dos outros, daquilo que os outros pensam e nos transmitem, sabendo tolerá-los e negociar as próprias decisões que julgamos certas mas que poderão ser ainda melhores se aplicadas com algumas cedências às ideias dos que se nos opõem. Não será assim tão simples, mas é um princípio.
Talvez mais bem preparado politicamente, o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, anunciou que a Marcha da Paz poderá somente vir a realizar-se em Janeiro, acabando por tolerar os exageros do primeiro-ministro e descansando-o, assim como aos que temiam novo surto de instabilidade. Talvez seja tempo de Xanana Gusmão também dar um passo de tolerância, aproximação e diálogo com o partido maioritário da oposição. Fica a ganhar a democracia e os timorenses.
Compreende-se que o primeiro-ministro seja perentório quando demonstra receios de que a anunciada Marcha da Paz instigue ânimos à violência e se exceda dizendo que põe a população na cadeia. Apesar de podermos compreender temos a obrigação de não concordar se eventualmente puser em prática aquilo que disse.
Aquelas declarações demonstraram a impreparação da elite timorense para lidar com matérias políticas e elas próprias podem tornar-se incendiárias. Teria sido melhor o primeiro-ministro não ter abordado o assunto da Marcha da Paz com tanta antecedência e não ter ameaçado a população. De qualquer modo, também errando se aprende.
Na verdade foi o que aconteceu, o primeiro-ministro Xanana Gusmão já veio hoje dizer em conferência de imprensa que o seu governo vai “permitir que haja manifestação porque é um direito constitucional mas estamos preocupados com o risco de uma nova onda de instabilidade”.
Claro que sim. Nem podia deixar de ser de outro modo. O primeiro-ministro, o governo, não têm o direito de subverter a Constituição da República de Timor-Leste. Só se declarasse o Estado de Exceção é que o governo teria todos os poderes para proibir a liberdade de manifestação conforme pretendido pela Marcha da Paz. Não é tempo para isso.
Afinal tudo vai de encontro ao que tenho vindo a afirmar: as elites timorenses estão impreparadas para assumir os cargos que lhes competem e no caso de Gusmão foi flagrante. Meritório que tivesse recuado na sua posição e referido os seus legítimos receios, devendo para isso usar o diálogo com os dirigentes da oposição em vez de fazer declarações incendiárias, que nada resolvem, antes pelo contrário.
Importa referir que também os dirigentes da oposição estão a aprender, tal como quase todos os timorenses. Viver em democracia implica nunca nos esquecermos dos outros, daquilo que os outros pensam e nos transmitem, sabendo tolerá-los e negociar as próprias decisões que julgamos certas mas que poderão ser ainda melhores se aplicadas com algumas cedências às ideias dos que se nos opõem. Não será assim tão simples, mas é um princípio.
Talvez mais bem preparado politicamente, o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, anunciou que a Marcha da Paz poderá somente vir a realizar-se em Janeiro, acabando por tolerar os exageros do primeiro-ministro e descansando-o, assim como aos que temiam novo surto de instabilidade. Talvez seja tempo de Xanana Gusmão também dar um passo de tolerância, aproximação e diálogo com o partido maioritário da oposição. Fica a ganhar a democracia e os timorenses.