Díli,
27 jun (Lusa) - Um português retido há mais de 20 meses em Díli suspeito de
branqueamento de capitais, mas ainda sem acusação formal, foi hoje ouvido pela
primeira vez no Ministério Público, num interrogatório que continuará na
terça-feira.
Fontes
judiciais confirmaram à agência Lusa que Tiago Guerra e a sua mulher, Fong Fong
Guerra, começaram a ser ouvidos pela procuradora do seu processo, Angelina
Saldanha, cerca das 09:00 locais (01:00 em Lisboa).
O
interrogatório, o primeiro para o casal no Ministério Público em 20 meses , foi
interrompido ao inicio da tarde e vai ser retomado na terça-feira, explicaram
as mesmas fontes.
Esta
é a primeira vez em todo este longo processo que o casal é ouvido no Ministério
Público timorense, que, apesar de já se terem esgotado todos os prazos legais,
continua sem acusar formalmente Tiago Guerra e a mulher.
Tiago
Guerra foi detido para interrogatório a 18 de outubro de 2014, passou três dias
na esquadra da polícia de Caicoli e a 21 do mesmo mês foi ouvido no Tribunal de
Díli, onde o juiz ordenou a sua prisão preventiva, entrando na cadeia de
Becora, onde ficou preso até 16 de junho do ano passado.
Desde
aí está, como a mulher, com Termo de Identidade e Residência (TIR) e
impossibilitado de sair do país.
Em
abril passado, Tiago Guerra escreveu uma carta aberta às principais autoridades
timorenses na qual afirma estar a ser tratado injustamente e pede para que o
seu processo seja arquivado ou julgado.
"Compreendemos
que Timor-Leste é um país jovem e que precisa ainda de muitas melhorias,
especialmente no sector da justiça. Mas não deveria dar exemplos que ofereçam
ao seu povo a segurança jurídica e a confiança que merecem?", escreveu
Tiago Guerra, retido pelas autoridades por suspeita de branqueamento de
capitais.
"Exortamos
os organismos responsáveis para que, juntos, num esforço de cooperação
horizontal, decidam fazer uma acusação ou o arquivamento do caso", referiu
no texto, a que a Lusa teve acesso.
Também
em abril, o procurador-geral timorense garantiu à Lusa que o Ministério Público
está prestes a terminar a investigação no processo e que entre "agosto e
outubro" o caso é arquivado ou segue para julgamento.
"Pedimos
informações a outros países, já recebemos respostas a cartas rogatórias de
Portugal e Macau, mas estamos à espera de outras diligências para complementar
o caso. Esperamos completar a investigação no mês de junho e podemos acusar ou
arquivar o processo depois disso. No máximo entre agosto e outubro, dependendo
das provas, será acusado ou arquivado", afirmou o responsável do
Ministério Público timorense.
José
Ximenes rejeitou que já tenham sido ultrapassados todos os prazos legais no processo,
afirmando que o "arguido está fora da prisão" e tem como medida de
coação o TIR (Termo de Identidade e Residência), escusando-se a tecer mais
comentários sobre o processo.
ASP
// ARA