Segundo
informações da agência de espionagem sul-coreana, Kim Jong-un teria ordenado a
morte do ministro com a utilização de um canhão antiaéreo. Atitude pode
sinalizar uma disputa de poder no país.
O
líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un teria ordenado a execução de seu ministro
das Forças Armadas, Hyon Yong Chol, por insubordinação, segundo informações
divulgadas nesta quarta-feira (13/05) pelo Serviço Nacional de Inteligência da
Coreia do Sul, citando fontes consideradas confiáveis.
O
ministro teria feito críticas ao governo e discutido abertamente com Kim
Jong-un, além de dormir durante uma reunião presidida por ele.
Analistas
se dividem quanto a qualificar a execução como um sinal de força ou de fraqueza
do líder norte-coreano. Eles acreditam que a atitude possa dar indícios sobre
uma disputa interna de poder, após Kim ter cancelado uma visita à Rússia, na
semana passada, alegando "problemas internos".
Han
Ki-beom, vice-diretor do Serviço Nacional de Inteligência sul-coreano, afirmou
a um comitê parlamentar que a execução aparenta ter sido realizada no dia 30 de
abril, e teria sido testemunhada por centenas de pessoas em um campo de tiro na
academia militar Kang Kon, em
Pyongyang. O armamento utilizado teria sido um canhão
antiaéreo que dispara projeteis de 14,5 milímetros.
O
presidente do Comitê Parlamentar de Inteligência, Kim Gwang-lim, relatou que
diversas vezes Hyon teria falhado em cumprir instruções do líder norte-coreano.
O
Serviço Nacional de Inteligência não informou aos parlamentares de que forma as
informações foram obtidas, relatando apenas que elas vieram de diferentes
fontes e que acreditam em sua veracidade.
A
agência sul-coreana tem um histórico inconsistente quanto ao rastreamento de
acontecimentos na Coreia do Norte. As informações obtidas sobre o regime
autoritário do país vizinho muitas vezes são impossíveis de confirmar.
Disputa
interna de poder
Hyon
foi nomeado ministro das Forças Armadas em junho de 2014. Kim Gwang-lim explica
que ele seria a segunda autoridade militar mais importante do país, atrás de
Hwan Pyong So, que ocupa o cargo mais alto do Exército Popular da Coreia do
Norte.
Nos
últimos anos, Kim Jong-un vem tomando atitudes semelhantes que, segundo
especialistas, visam reforçar seu poder no país. Em 2013, o líder norte-coreano
ordenou a execução de seu próprio tio e vice-líder do governo, Jang Song Thaek,
por traição.
No
mês passado, o serviço de inteligência sul-coreano relatou aos parlamentares
que a Coreia do Norte havia executado 15 oficiais do alto escalão do governo,
acusados de questionar a autoridade de Kim Jong-un.
Koh
Yu-hwan, especialista da Universidade de Dongguk em Seul, analisa que tais
atitudes visam manter o controle sobre a velha guarda das Forças Armadas de seu
país, que poderia constituir a única ameaça plausível ao seu governo.
Kim
deseja solidificar sua liderança, mas segundo Koh, esses esforços poderão
fracassar caso a combalida economia do país não apresente sinais de melhora.
RC/afp/ap