Díli,
18 mai (Lusa) - Um total de 395 pessoas entregou-se aos elementos da operação
conjunta da polícia e forças armadas indonésias que decorre desde março na
ponta leste de Timor-Leste, segundo um balanço do comandante da polícia em
Baucau.
O
superintendente Justinho Menezes explicou aos jornalistas que esse é o balanço
da operação de nome código Hanita que envolve efetivos da Polícia Nacional de Timor-Leste
(PNTL) e as Forças de Defesa de Timor-Leste (FDTL).
Segundo
explicou, desse total de pessoas que se entregou ao Comando da Operação
Conjunta, 11 ficaram em prisão preventiva, 17 têm que se apresentar
periodicamente e os restantes foram identificados.
Em
comunicado divulgado este fim-de-semana o Governo timorense explicou que a
operação continua a decorrer de acordo com as regras de empenhamento definidas,
insistindo que "o esforço para minimizar um confronto continua a ser a via
privilegiada" no decorrer da operação.
"Um
número significativo de membros do grupo já se entregou às autoridades
competentes e está a ser tratado de acordo com a lei e com as regras de
empenhamento da Operação Conjunta", refere o comunicado.
"As
forças de segurança têm dado prioridade à construção de uma atitude social
empenhada para com a população, de modo a fomentar harmonia, confiança e
estabilidade", sublinha.
Agio
Pereira, ministro de Estado e porta-voz do Governo, destaca que a operação
continua a ter o apoio e a confiança do Governo.
"O
VI Governo Constitucional estaria a fracassar perante o povo de Timor-Leste se
deixasse ataques criminosos ocorrerem de forma descontrolada", refere,
considerando que depois de uma longa história de conflitos "a grande
maioria dos timorenses está decidida a viver em paz e a andar com dignidade,
construindo um futuro de sucesso para todos".
Recorde-se
que a operação foi desencadeada pelo Governo para "prevenir e reprimir
ações criminosas de grupos ilegais" depois de ataques aos elementos da
polícia em fevereiro e março, especialmente o de 08 de março em Baguia, a sul
de Baucau, em que ficaram feridos quatro agentes durante um ataque ao posto
policial da localidade.
O
Governo recorda que a Constituição de Timor-Leste proíbe a "criação de
associações armadas, militares ou paramilitares", considerando que esses
grupos "representam claramente uma ameaça à estabilidade do Estado e à
segurança da população.
"À
luz dos incidentes ocorridos no início deste ano, a Operação Conjunta teve de
realizar o seu trabalho de forma assertiva e com a diligência devida para
garantir a segurança do seu pessoal e minimizar o risco de confronto",
disse.
A
operação, explica o comunicado, está a tentar executar um mandado de prisão
para Mauk Moruk e outros responsáveis do grupo conhecido como Conselho
Revolucionário.
"As
autoridades aspiram estabelecer uma relação calma e construtiva com Moruk e com
os membros de seu grupo ilegal, conhecido como o 'Conselho
Revolucionário'", refere o comunicado.
Esta
operação tem causado alguma polémica em Timor-Leste, sendo questionada por
organizações de direitos humanos locais e, mais recentemente, pela própria
Amnistia Internacional (AI).
Na
semana passada a AI denunciou o que diz ser a detenção arbitrária e os
maus-tratos de dezenas de pessoas durante a operação que decorre desde 23 de
março.
"As
forças de segurança timorenses detiveram arbitrariamente e alegadamente
torturaram ou maltrataram dezenas de indivíduos em Laga e Baguia nos últimos
meses", explica o comunicado.
O
Governo timorense não fez, até ao momento, qualquer comentário específico sobre
estas alegações.
ASP//
FV.