A
fome e a pobreza afetam 16% dos cerca de 250 milhões de lusófonos, excluindo
Portugal, com Guiné-Bissau e Guiné Equatorial a registarem uma taxa de 75% de
pobres, segundo dados oficiais de várias instituições internacionais.
Ao
longo da última década, porém, Angola, Brasil e Cabo Verde têm melhorado os
respetivos índices, com particular destaque para o país sul-americano que, em
12 anos, "desapareceu" do mapa mundial da fome (de 10% em 2002 para
1,7% em 2014), já abaixo do limite de 2,3%, considerado pela FAO o patamar de
"erradicação", envolvendo, ainda assim, 3,4 milhões de pessoas,
segundo dados do Governo.
Os
casos mais extremos ocorrem na Guiné-Bissau e Guiné Equatorial, em que ambas
registam três casos de pobreza por cada quatro habitantes, facto agravado por a
primeira manter 45% dos 1,7 milhões de habitantes em pobreza extrema e de a
segunda não conseguir obter melhorias nos resultados, apesar de ter o maior
rendimento 'per capita' da África subsaariana.
A
mesma situação acontece em Moçambique, onde o índice de pobreza, segundo o
Fundo Monetário Internacional (FMI), se manteve estável na última década,
apenas com uma ténue melhoria, descendo de 54,7%, para 54% o total da população
(de cerca de 26 milhões de habitantes) considerada pobre, o que representa
pouco mais de mais de 13 milhões de habitantes.
Moçambique,
aliás, referem o Banco Mundial (BM) e o FMI, "falhou" no objetivo de
redução da pobreza, que deveria ter chegado aos 42% em 2014, embora ambos se
mostrem otimistas face à diminuição da fome (de 56% no final da década de 1990
para 24% em 2014).
Os
resultados práticos, porém, são trágicos, porque Moçambique regista uma média
de 80 mil mortos por ano devido à desnutrição crónica, que afeta cerca de 40%
da população.
Outra
situação grave acontece em São Tomé e Príncipe. Um estudo do Governo com apoio
da Organização Internacional o Trabalho (OIT) indica que 63% dos cerca de 195
mil habitantes é considerado pobre, com 14% deles em pobreza extrema e uma taxa
de desemprego entre a população ativa a rondar os 70%.
Timor-Leste,
por seu lado, tem reduzido gradual, mas também tenuemente, o índice de pobreza
no país, segundo a FAO, em que, atualmente, cerca de 41,1% da população vive
abaixo do limiar da pobreza, com a subnutrição a registar níveis mais
animadores, descendo de 400 para 300 mil o número de subalimentados.
Caso
relativo de sucesso passa-se em Angola, onde as estatísticas do FMI e do Centro
de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica destacam o facto
de que, em 2000, quase 92% da população vivia com menos de dois dólares/dia,
valor que, dez anos mais tarde, baixou para 54%, prevendo-se que, em 2015,
possa descer ainda mais, atingindo os 36,7%.
No
entanto, indicam também os mesmos números, alguns deles contraditórios, há
ainda entre 7,1 e 9,2 milhões de angolanos na pobreza.
Cabo
Verde, segundo os dados das Nações Unidas, é o país lusófono que mais reduziu a
pobreza crónica na última década e meia, passando de 49% na década de 1990 para
cerca de 26% em 2014, reduzindo, também no mesmo período, a subnutrição crónica
na faixa etária entre os zero e os cinco anos de 16% para 9,7% e a subnutrição
aguda de 6% para 2,6%.
Hoje
assinala-se o Dia mundial da Alimentação, tendo sido criada, nesta data, em
1945, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura
(FAO), enquanto a 17 de outubro comemora-se o Dia Mundial para a
Erradicação da Pobreza.
SAPO
TL com Lusa
Comentário
Timor Agora
Nestas
estatísticas que apresentam por que razão excluem Portugal? Que se saiba existe
fome em Portugal. Nestes últimas quatro anos cresceram os números de crianças e
pessoas de mais idade que estão subnutridos. Os índices podem ser menores que
na restante lusofonia mas existem imensas carências alimentares e outras na
população portuguesa. Estas estatísticas. Ao excluírem Portugal estão a
pretender tapar o sol com a peneira, inutilmente. Enorme aumento da pobreza é também o que não falta em Portugal. Quem querem enganar?