Díli, 26 nov (Lusa) - A economia
timorense deverá crescer 3,3% em 2019 e 4,9% em 2020, mas isso depende da
aprovação do orçamento de 2019, do aumento dos gastos públicos e da
estabilidade política, indicou hoje o Banco Mundial.
O Relatório Económico de
Timor-Leste, agora divulgado, considerou igualmente vital uma "renovada
confiança de consumidores e empresas" como elemento central para recuperar
das quebras no crescimento em 2017 e no corrente ano.
"A situação política
doméstica pode representar o maior risco para a economia daqui para a frente.
Uma coligação [de Governo] estável é um pré-requisito para a implementação
eficaz do programa do Governo, enquanto uma relação construtiva entre o
Presidente, o Parlamento e o Governo é também vital para assegurar estabilidade
económica", destacou o estudo.
O Banco Mundial considerou ser
"preocupação fundamental" a sustentabilidade fiscal e a qualidade dos
gastos públicos, e defendeu que "limitar o excesso de levantamentos do
Fundo Petrolífero e melhorar a mobilização de recursos internos poderia apoiar
simultaneamente sustentabilidade, eficiência de gastos e prestação de
contas".
"Definir prioridades nos gastos
de capital e moderar despesas correntes também pode levar a uma melhor relação
custo-benefício", sustentou.
Nesta análise semestral, o Banco
Mundial indicou "um forte declínio nos gastos públicos que enfraqueceu a
atividade económica em 2017 e continuou a afetar o crescimento em 2018".
O Produto Interno Bruto (PIB) não
petrolífero terá registado um aumento de 0,8% este ano, mas a partir de uma
queda de 4,7% no ano passado, com construção, comércio e serviços públicos a
serem "os setores mais afetados pela desaceleração económica".
Economista do Banco Mundial em
Timor-Leste, Pedro Martins notou que apesar de se antecipar a retoma em 2018,
as perspetivas "permanecem relativamente incertas, dependendo em parte dos
níveis de execução orçamental".
"A aprovação do orçamento de
2019 é de importância crítica", com a recuperação do crescimento económico
a ser sustentado pelo aumentado dos gastos do Estado e por uma maior atividade
do setor privado, considerou.
Entre outros indicadores, o
relatório apontou que a inflação deve continuar baixa, em torno a 2,6%, com o
saldo da conta corrente a melhorar devido a mais receitas petrolíferas e uma
queda das importações.
O Banco Mundial notou que
"foram necessários desinvestimentos do Fundo Petrolífero para financiar
défices comerciais e fiscais".
Nesta análise, a instituição
incluiu recomendações para reduzir a pobreza e melhorar a prosperidade do país,
destacando em particular melhorias no setor educativo e de formação, e expandir
os setores produtivos em setores como a agricultura comercial, manufatura e
turismo.
O relatório apresentou um retrato
macroeconómico do país de 1,3 milhões de habitantes, referindo que o PIB
(excluindo a produção 'offshore' de petróleo) é de 1,6 mil milhões de dólares,
ou 1.249 dólares 'per capita'.
É evidente o impacto da situação
política em 2017, com os gastos do Estado a caírem 27%, num orçamento que já
era 11% mais reduzido que no ano anterior. Esta tendência manteve-se no
corrente ano, especialmente nos primeiros nove meses, em que o país viveu em
regime duodecimal.
Gastos em capital caíram 57% em
2017, com atrasos em vários projetos, e gastos em bens e serviços e
transferências públicas desceram 13%, tendo gastos em salários aumentado 10%.
Em 2018, com duodécimos, a
contração de gastos foi ainda maior, com os gastos correntes a serem um terço
menores que no ano passado.
Com os gastos do Estado a
representarem "mais de metade de todos os gastos domésticos (...) as
dinâmicas fiscais têm um impacto considerável" na atividade económica de
Timor-Leste.
Neste clima, um ligeiro aumento
de salários e programas de assistência social, incluindo pensões de veteranos,
foram "críticos para suster os rendimentos dos lares".
As importações desceram 7%, notou
ainda o mesmo estudo.
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