Díli, 13 fev (Lusa) - O diretor
da Escola Portuguesa de Díli considerou hoje que os rankings das escolas
deturpam a realidade deste centro escolar, comparando uma "realidade
única" com escolas "em tudo muito diferentes" e ignorando
aspetos como o êxito no acesso universitário.
Ao mesmo tempo, disse à Lusa
Acácio de Brito, os rankings "ignoram o efeito escola nos alunos, o
impacto aglutinador e de formador de elites em Timor-Leste e que esta é,
claramente, a melhor escola de Timor-Leste".
Mesmo numa análise puramente
relacionada com as notas nos exames, disse, as referências feitas à escola não
notam, por exemplo, a melhor classificação a matemática ou as melhores notas
nos exames do ensino básico.
Acácio de Brito referia-se ao
facto de a escola portuguesa de Díli ter sido destacada pelas notas negativas
médias conseguidas nos exames nacionais, método usado para estabelecer um
ranking de escolas portuguesas.
A análise aos resultados das
notas dos alunos das oito escolas situadas em países que pertencem à Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa mostra que no caso dos exames nacionais do
secundário só os alunos de Macau e Angola conseguem média positiva.
No caso da Escola Portuguesa de
Díli, a média nos exames nacionais foi de 7,60 valores.
Acácio de Brito destaca o facto
de 75% dos alunos que terminaram o secundário em 2017 terem concorrido, com
êxito, ao ensino superior em Portugal, "entrando em instituições e cursos
- medicina, engenharia, direito e farmácia - que são de reconhecido
rigor".
"Os restantes entraram em
universidades timorenses ou noutros países", afirmou.
A especificidade da situação em
Timor-Leste - onde o ensino do português foi proibido durante 24 anos de
ocupação indonésia - torna a situação da escola única pelo que a sua comparação
com outros centros escolares "não faz sentido".
Hoje, disse, a escola "é
claramente a melhor escola de Timor-Leste" contando entre os seus alunos
com os filhos dos principais líderes políticos e responsáveis do país.
"Esta minha opinião é
formada com 30 anos de experiência de educação. Não devemos só falar nos
resultados académicos, temos que falar nos resultados socais, alterações
comportamentais até", afirmou.
"Vemos como os alunos entram
e vemos o efeito escola, vemos como saem", disse, destacando o êxito
alcançado no Parlamento Jovem, em concursos científicos promovidos pelo CERN,
na Suíça, e outros méritos individuais de muitos dos alunos.
Reconhecendo as dificuldades
existentes, o diretor da escola destaca o grande empenho da direção e do corpo
docente em fortalecer a formação dada aos alunos, com protocolos com
instituições dentro e fora do país.
Acácio de Brito considera que a
escola "cumpre a sua missão" e sublinha a subida de sete lugares nos
rankings e o facto de estar em 621 entre 633 no que toca aos exames no
secundário, mas estar em 959 entre 1.221 escolas no básico.
A média da escola no ranking é
claramente afetada pelo português, sendo que, recordou o responsável do centro
escolar, esta é "uma realidade única" em que mais de 90% dos alunos
da escola são timorenses, muitos dos quais têm no espaço escolar o único
contacto com a língua portuguesa.
A nota global no secundário foi
afetada, em particular, pelos maus resultados a português, cuja média no ensino
secundário foi de apenas 4 valores, sendo que a matemática a média foi de 10,3
valores.
Criada em 2002 a Escola
Portuguesa de Díli tem atualmente cerca de mil alunos com 62 professores, a maioria
contratada em Portugal.
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