A
queda na produção de petróleo e gás natural tem sido o principal factor na
redução das receitas petrolíferas de Timor-Leste, que que representam a quase
totalidade das receitas do Orçamento de Estado, afirmou a organização
não-governamental La’o Hamutuk.
A
organização, que foi acompanhada por preocupações de teor semelhante por parte
de alguns deputados aquando dos debates sobre o Orçamento Rectificativo para
2015, adiantou recentemente que aquele factor tem maior peso do que a queda dos
preços do barril nos mercados internacionais.
Esta
situação deve-se, em parte, ao fim próximo da exploração do campo petrolífero
Kitan, algo que se evidenciou recentemente quando a japonesa Inpex Corporation
reduziu o valor do campo em cerca de 7,5 mil milhões de ienes (62,6 milhões de
dólares), um dos primeiros passos para o que será o previsível fim da vida do
poço nos próximos anos.
Situado
na zona do Mar de Timor que é gerida conjuntamente por Timor-Leste e pela
Austrália, o campo de Kitan situa-se a cerca de 170 quilómetros de Timor-Leste.
A
produção total dos campos em funcionamento caiu 24% em 2014 e as empresas
petrolíferas antecipam que continuará a cair até 2020, ano em que deixará de
ser lucrativo explorar esses campos.
Este
cenário só se alteraria caso se iniciasse a produção no campo Sunrise, mas esse
projecto continua afectado pela falta de resolução da questão das fronteiras
marítimas e por diferenças de opinião sobre o modelo de exploração – com
plataforma flutuante no mar ou em terra e, neste caso, ou em Darwin ou em
Timor-Leste.
A
importância das receitas petrolíferas evidencia-se no Orçamento de Estado,
tendo, entre 2003 e 2014, o governo de Timor-Leste convertido em dinheiro 20,1
mil milhões de dólares da sua riqueza em petróleo e gás natural, despendido cerca
de 6 mil milhões de dólares e colocado o restante no Fundo Petrolífero (FP),
que efectua investimentos em todo o mundo.
Estes
investimentos geraram receitas de 2,5 mil milhões de dólares nos últimos 12
anos, que foram novamente depositadas no FP, cujo valor, no final de 2014 era
de 16,5 mil milhões (menos 95 milhões de dólares do que seis meses antes).
Para
que o FP continue a representar uma “almofada financeira”, Timor-Leste deveria
ter retirado para o Orçamento de Estado apenas 502 milhões de dólares em 2014,
acabando porém por levantar mais de 932 milhões, sendo que este ano vai
levantar cerca de 1,33 mil milhões de dólares, ou mais do dobro do que o FP
ganhou com as aplicações efectuadas em 2014. (Macauhub/TL)
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