Díli, 10 mai (Lusa) - O
presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) acusou hoje a coligação da
oposição, a AMP, de publicar nas redes sociais suspeitas infundadas sobre os
órgãos eleitorais, que não passam de "informações falsas" que podem
desestabilizar o país.
Alcino Baris disse à Lusa que o
assunto foi discutido numa reunião plenária dos órgãos eleitorais, que decorreu
hoje em Díli e que várias queixas foram já encaminhadas para o Ministério
Público.
"Já enviámos várias queixas
e enviaremos sempre que pessoas continuem a tentar fazer agitações com
informações falsas para desestabilizar o país. Timor-Leste é um Estado de
direito democrático", insistiu.
Em duas publicações na página
oficial da Aliança de Mudança para o Progresso (AMP) no Facebook, a coligação
deixa vários "alertas" afirmando que o primeiro-ministro e
secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, elementos dos órgãos eleitorais,
CNE e STAE, estão "a preparar um mecanismo de manipulação das eleições
antecipadas".
Sem apresentar quaisquer provas
concretas, a AMP fala de impressão de duplicados de cartões, "para dar a
vitória à Fretilin", de preparar para trocar as urnas com votos depois da
votação e de supostas tentativas de comprar votos com "dinheiro e
arroz".
Nas publicações refere ainda que
os oficiais nos centros de votação vão "manipular" o voto para que a
Fretilin vença, acusam o STAE de ter preparado duplicações de boletins e de
urnas e dizem que o objetivo é que a AMP "vença sem maioria absoluta e só
com maioria simples".
Alcino Baris refere que as
acusações são "falsas" que "não há qualquer prova" e
recorda que na CNE há comissários indigitados pelo Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), principal força política da AMP.
"Estas acusações são falsas.
É irresponsável num momento destes colocarem estas acusações", disse,
afirmando ao mesmo tempo que a AMP está a violar a lei eleitoral quando
continua hoje, dia de reflexão, a publicar nas redes sociais, fotos da campanha
eleitoral.
O vice-presidente da AMP, Fidelis
Magalhães, disse à Lusa que os alertas têm algum fundamento" e que
pretendem evitar qualquer abuso do processo ou "falhas intencionais".
"Queremos e esperamos que
não haja falhas intencionais no processo. Seria ótimo para todos nós. Alertar
previamente, com algumas informações, acho que é bom", afirmou.
O dirigente da AMP insistiu que a
coligação vai aceitar o resultado e negou que as declarações sejam uma
tentativa de antecipar eventuais denúncias se a votação não for favorável.
"Vamos aceitar todos os
resultados. Mas o que é importante é que o resultado venha de um processo justo
e de um processo claro e transparente. Viemos de um período político bastante
intenso onde existiram vários abusos pela parte dos partidos do Governo e por
isso é natural que neste sentido tenhamos maiores preocupações", disse.
Instado a comentar as suspeitas
levantadas pela AMP, José Ramos-Horta, ministro de Estado, disse à Lusa que a
AMP está a preparar-se para a necessidade de ter que contestar os resultados.
"É óbvio que se trata de
políticos que sabem que há uma grande onda de rejeição da AMP, pelas razões que
eles sabem melhor que ninguém e estão a preparar um possível cenário para
contestarem", afirmou Ramos-Horta, que tem feito campanha pela Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin).
"O Governo tem estado a
comportar-se com extremo rigor, integridade e no que toca ás instituições
responsáveis pela supervisão e organização, CNE e STAE só têm tido os melhores
elogios dos observadores internacionais e embaixadas acreditadas em
Timor-Leste", considerou.
Considerando que as equipas dos
órgãos eleitorais têm mostrado "grande rigor e integridade",
Ramos-Horta disse que "há mecanismos" a que todos podem recorrer,
desde o momento do voto à contagem, e que incluem no limite recurso aos
tribunais.
"Portanto aconselho à AMP se
acalme e aguarde pelo ato eleitoral serenamente, como estamos a fazer. Posso
dizer que, caso seja a AMP a ganhar, a Fretilin com toda a humildade e
dignidade felicitará os vencedores e não vai inventar, arranjar bodes
expiatórios", afirmou.
"Havendo razões para
contestar o resultado seguirá os mecanismos que existem na lei", frisou.
Timor-Leste está hoje e sexta-feira
em período de reflexão antes da votação de sábado.
ASP // SB