Lisboa,
24 jun (Lusa) -- O ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, disse hoje,
em Lisboa, que Portugal defende um aprofundamento do setor económico nas
relações dos países-membros da CPLP, mas sem esquecer a importância identitária
da língua portuguesa.
"A
vertente económica nas relações da CPLP poderá afirmar-se através de
plataformas de coordenação ao nível dos governos, instituições científicas e
empresas, envolvendo também os países observadores em áreas transversais, tais
como energia, (...) mas também das telecomunicações, transportes marítimos e
aéreos, setor portuário, os mercados de capitais, a economia do mar",
disse Rui Machete.
O
ministro dos Negócios Estrangeiros fez estas declarações na I Conferência
Energia para o Desenvolvimento da CPLP, que se realiza entre hoje e
quinta-feira, no Centro de Congressos do Estoril.
Para
Machete, esta conferência de hoje "é o fórum privilegiado para uma
reflexão sobre a dimensão geopolítica e económica dos recursos energéticos da
CPLP, numa época em que quase diariamente se assisteà inclusão de inovações
tecnológicas neste setor e as relações estabelecidas entre os países, as
instituições internacionais e os grandes decisores empresariais encontram-se em
acelerada transformação".
O
ministro lembrou ainda que "2,8 por cento da produção mundial de energia
originária de fontes fósseis e renováveis foram asseguradas por países da
CPLP".
"Se
considerarmos as reservas comprovadas de gás e petróleo, estima-se que o espaço
CPLP no seu conjunto, ocupa hoje o sétimo lugar do ranking mundial de
produtores de hidrocarbonetos, com perspetivas de melhorar o seu posicionamento
até o quarto lugar em 2025", afirmou.
De
acordo com Machete, "metade das novas descobertas de gás e petróleo no
mundo estão localizadas em países da CPLP, conferindo a esta comunidade uma
importância estratégica incontornável".
"A
temática da energia está na ordem do dia e é fundamental que a CPLP se
constitua um fator agregador de produtores e consumidores, tanto ao nível dos
Estados como das empresas, e tal poderá representar um enorme impacto quer do
ponto de vista económico, quer sob aspetos técnicos e de segurança
energética", referiu ainda.
O
ministro declarou que os membros da CPLP estão "empenhados na dinamização
da comunidade, não apenas da difusão e valorização da língua, mas também no
aprofundamento do setor económico, "que constituem uma oportunidade de
desenvolvimento para todos os seus membros, incluindo também os Estados
observadores que potenciam a sua capacidade de intervenção".
Rui
Machete disse que Portugal está a acompanhar "com muito interesse" o
projeto do Governo de Timor-Leste de promover um consórcio de empresas de
países da CPLP para a exploração energética na área do petróleo.
Por
outro lado, o secretário executivo da CPLP, Murade Murargy, disse que a
organização lusófona pretende "valorizar o papel económico, financeiro e
político do setor da energia no bloco lusófono e reconhecer o potencial
geoestratégico do setor à escala global".
"A
CPLP já está a articular um grupo técnico de estudo aberto à participação dos
Estados-membros para a exploração conjunta de hidrocarbonetos no espaço da
CPLP. Trata-se de um consórcio para a exploração petrolífera no off shore de
Timor-Leste", disse Murargy, avaliando que será uma iniciativa que trará
muitos benefícios para os países do grupo lusófono.
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