Díli,
03 set (Lusa) - Timor-Leste inicia na sexta-feira - 16.º aniversário do anúncio
dos resultados do referendo de autodeterminação timorense de 30 de agosto de
1999 - um período de "desluto nacional" marcado por cerimónias
tradicionais de reconciliação e reflexão.
O
período, que será assinalado com cerimónias em todo o país pretende, segundo
explica o Governo, "consciencializar todos os timorenses da importância do
papel atual de cada um no processo de construção do Estado de
Timor-Leste".
Quer
ainda, sublinha, "o reconhecimento do passado como uma memória revivida e
respeitada, bem como legado e herança".
"Com
o desluto nacional - semelhante ao desluto cultural - procura-se descarregar os
?pesos' que os timorenses carregaram durante 24 anos de ocupação, passando a
honrar os que morreram em defesa dos seus ideais, a autodeterminação de
Timor-Leste", refere.
Dionisio
Babo, ministro da Administração Estatal, apresentou este semana ao Governo
detalhes sobre as cerimónias do período que começa na sexta-feira e decorre até
31 de dezembro.
Segundo
explica o Governo no seu portal informativo na internet, durante o período de
"desluto nacional" vão-se realizar, em todo o país, "eventos
comemorativos de homenagem aos heróis, guerrilheiros e população em geral,
durante o processo de autodeterminação".
O
período incluirá "o Dia dos Heróis, com o lançamento da primeira pedra
para a construção do Monumento Nacional aos Sacrificados da Guerra".
"Ao
longo deste período serão realizadas cerimónias tradicionais e campanhas públicas,
com vista a consciencializar todos os timorenses da importância do papel de
cada um no processo de construção do Estado, na atualidade", explica o
Governo.
As
comemorações começam com uma missa na Catedral de Díli, na sexta-feira, estando
prevista a abertura oficial para o Palácio do Governo durante a tarde, com um
"comunicado oficial ao país pelos fundadores da nação, uma celebração
tradicional e a distribuição dos símbolos do luto nacional".
O
Governo considera o dia 04 de setembro, um momento que marca "uma nova
fase na história e afirmação da identidade timorenses" tendo, desde aí, os
timorenses procurado "pôr termo à violência, à opressão, ao baixar das
armas em prol da paz, da ordem e estabilidade de Timor-Leste.
"A
comemoração do dia 04 de setembro tem como principal enfoque fortificar o
espírito de determinação, coragem e esforço do povo de Timor-Leste - o
principal ator - em desenvolver o seu país, assente em valores democráticos e
na unidade nacional", explica.
A
ideia, refere o Governo, é apadrinhada pelos principais líderes nacionais,
incluindo Rui Araújo (primeiro-ministro), Mari Alkatiri (presidente da Região
Administrativa Especial de Oecusse), Xanana Gusmão (ministro do Planeamento e
Investimento Estratégico), Adriano do Nascimento (vice Presidente do Parlamento
Nacional de Timor Leste), Lu-olo, ex-presidente do Parlamento e Norberto
Andrade (bispo da Diocese de Maliana).
"Apesar
de passados 13 anos de construção da Nação e do Estado de Timor-Leste, os quais
permitiram registar progressos positivos, aos níveis social, económico e
político, o povo ainda continua a viver e sentir o passado, pelo que tem
condicionado o processo de desenvolvimento do país", explica.
"Pretende-se
com o desluto nacional finalizar o período de sentimento de tristeza,
sofrimento, revolta e de perda dos entes queridos durante a ocupação indonésia,
passando-se para uma fase de superação, aceitação e paz, trilhando o caminho da
evolução, do progresso e do desenvolvimento", explica.
Os
líderes timorenses querem assim contextualizar o contributo de todos, "com
orgulho nacional", para uma fase de construção e de desenvolvimento do
Estado.
ASP
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