Entre
os países lusófonos o segundo melhor colocado é Timor-Leste, na 66.ª posição
Brasília,
11 out (Lusa) - Portugal é o oitavo país que oferece melhores oportunidades
para as raparigas, enquanto Brasil, Guiné-Bissau e Moçambique aparecem em
posições preocupantes no índice divulgado hoje pela organização
não-governamental de defesa das crianças Save the Children.
No
Índice de 'Oportunidades para Raparigas', Portugal ficou à frente de países
como Suíça, Itália, Espanha, Alemanha, Reino Unido, França e até dos Estados
Unidos, que têm a maior economia do mundo, mas aparecem apenas na 32.ª posição,
logo atrás do Cazaquistão e da Argélia.
A
organização teve em conta cinco indicadores ao elaborar o índice: casamento
infantil, gravidez na adolescência, mortalidade maternal, mulheres no
parlamento e conclusão do ensino secundário.
Portugal,
tal como a maioria dos 144 países analisados, apresenta problemas sobretudo na
representação feminina no parlamento.
À
frente de Portugal, aparecem apenas Suécia, Finlândia, Noruega, Holanda,
Bélgica, Dinamarca e Eslovénia, por esta ordem.
Entre
os países lusófonos, numa lista onde não constam Angola nem Cabo Verde, o
segundo melhor colocado é Timor-Leste, na 66.ª posição.
O
Brasil, país que faz parte do G20, aparece somente na 102.ª posição, com os
autores do estudo a destacarem que se trata de um "país com rendimentos
médios altos, que ainda assim está apenas ligeiramente acima no índice do
Estado frágil e de baixos rendimentos do Haiti", que ocupa o 105.º lugar.
As
meninas brasileiras têm menos oportunidades sobretudo na representação
parlamentar, mas os autores do relatório sublinharam também as altas taxas de
gravidez na adolescência e de casamento infantil.
Moçambique
é o pior país lusófono nesta análise, ocupando a 130.ª posição e apresentando
problemas em todas as áreas, sobretudo de gravidez na adolescência, casamento
infantil e conclusão do ensino secundário.
Guiné-Bissau
está cinco posição acima de Moçambique, com problemas em todos os problemas
analisados, especialmente na representatividade parlamentar e na conclusão do
ensino secundário.
A
Guiné-Equatorial, que também faz parte da Comunidade do Países de Língua
Portuguesa (CPLP), apresenta uma situação semelhante, ocupando o 119.º lugar.
Os
piores países para as raparigas são Níger, Chade, República Centro-Africana,
Mali e Somália, por esta ordem.
"Os
piores lugares para ser uma rapariga são os países mais pobres do mundo. Os 20
países na parte inferior do índice são todos países de baixos rendimentos na
África Subsaariana. Estes países têm taxas extremamente altas de privação
em todos os indicadores selecionados", lê-se no documento.
Por
outro lado, os autores do estudo constataram que nem todos os países ricos
estão se saindo tão bem como deveriam.
Apesar
de saírem prejudicados sobretudo na representação parlamentar, os Estados
Unidos também apresentam taxas relativamente altas de maternidade na
adolescência e de mortalidade materna em comparação com outros países ricos.
A
Save the Children alertou que "mais de 700 milhões de mulheres no mundo
casaram antes do seu 18.º aniversário e um terço delas antes de atingirem os 15
anos" e que a mortalidade maternal é a segunda maior causa de falecimento
entre raparigas entre os 15 e os 19 anos (depois do suicídio), morrendo cerca
de 70.000 cada ano.
Nos
alertas para violência de género, a organização informou, por exemplo, que
"30 milhões de meninas correm o risco de mutilação genital feminina na
próxima década".
O
relatório mostrou ainda que o nível de desenvolvimento de um país não é
limitador, dando o exemplo do Ruanda (49.ª), que "tem a maior proporção de
deputadas no mundo", estando também a ir bem na prevenção de casamentos
infantis e de gravidezes entre adolescentes comparativamente a outros países de
baixos rendimentos.
ANYN
// ARA