Lisboa,
04 fev (Lusa) -- O Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) tem um
projeto para a elaboração de um vocabulário técnico-científico comum do
português, mas que ainda aguarda fundos para a sua realização, disse hoje a
diretora executiva da organização, Marisa Mendonça.
"Temos
um projeto que se chama 'Terminologia Científica e Técnica da Língua Portuguesa'
e é voltado mais para a área técnico-científica especializada, não trabalhando
com as palavras como um todo, como acontece no VON (vocabulário ortográfico
nacional) e no VOC (vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa)",
declarou à Lusa a responsável do IILP.
Marisa
Mendonça referiu ainda que o projeto foi iniciado na direção executiva
anterior, quando era diretor Gilvan Müller de Oliveira.
"O
Centro de Estudos e Linguística Geral e Aplicada da Universidade de Coimbra
(CELGA-ILTEC) é a instituição que está a assessorar tecnicamente o projeto, que
está a ser coordenado pela professora Gladis Barcellos, da Universidade Federal
de São Carlos (Brasil)", adiantou Marisa Mendonça.
"O
projeto está desenhado para a sua primeira fase. Foi submetido no ano passado
ao fundo especial da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Tal
como o nosso projeto, outros não foram financiados. Vamos voltar a tentar na
próxima abertura de candidaturas, que é daqui a dois meses", acrescentou.
Segundo
a diretora executiva do IILP, para a primeira fase da iniciativa necessita de
130 mil euros do fundo especial da CPLP, sem contar com as outras contribuições
dos Estados membros para o projeto.
Marisa
Mendonça acrescentou que a iniciativa de normalização linguística na área
técnico-científica "é um produto que está previsto nos Planos de Ação de
Brasília e Lisboa (da CPLP)" e que "faz muita falta para entrar no
eixo de internalização da língua".
O
VOC é a plataforma que alberga os instrumentos que determinam legalmente a
ortografia da língua portuguesa. Foi oficialmente reconhecido pelos
Estados-Membros da CPLP nas conclusões finais da X Conferência de Chefes de
Estado e de Governo, que teve lugar em julho de 2014 em Díli.
O
VOC vai integrando gradualmente o VON de cada país da CPLP, após validação
política e conformação com uma metodologia comum, tendo sido até agora feita a
cedência ao IILP, para integração no VOC, dos VON do Brasil, Cabo Verde,
Moçambique, Portugal e Timor-Leste.
A
responsável do IILP declarou que ainda este ano poderá ser integrado na
plataforma VOC o vocabulário ortográfico nacional de São Tomé e Príncipe.
Marisa
Mendonça disse ainda que "Angola está a trabalhar" no seu VON e
"espera que brevemente seja possível integrá-lo na plataforma VOC",
que está disponível online na página http://voc.cplp.org/.
Sobre
a Guiné-Bissau, referiu que o país está a tentar encontrar primeiro a
estabilidade política.
O
mais novo membro da CPLP, a Guiné Equatorial (onde se fala espanhol, apesar de
o português se ter tornado língua oficial), ainda não tem condições, segundo
Marisa Mendonça, para contribuir para as plataformas de vocabulário.
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