Díli, 07 fev (Lusa) - Os partidos
com assento parlamentar concordaram hoje, numa reunião com o Presidente da
República e os órgãos eleitorais, com o calendário proposto para as eleições
antecipadas em Timor-Leste, previstas para maio.
A reunião foi convocada pelo
Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo, que ainda esta semana
deverá anunciar a data para a realização do sufrágio, necessário depois de ter
dissolvido o parlamento eleito a 22 de julho para solucionar o impasse político
no país.
À saída da reunião, os
responsáveis partidários confirmaram ter aceitado as propostas de calendário
apresentadas pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), ficando agora a aguardar
a decisão do chefe de Estado.
Alcino Baris, presidente da CNE,
confirmou que o calendário proposto prevê a votação a 12 de maio, cabendo agora
ao Presidente decidir se será essa a data.
"Quando o senhor Presidente
fixar a data, os órgãos eleitorais estão prontos para implementar qualquer
calendário", afirmou.
José Reis, secretário-geral
adjunto da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), que
lidera a coligação do Governo, disse à Lusa que o partido não tem objeção ao
calendário e data propostos.
Considerando haver fundos
suficientes para organizar o ato eleitoral, apesar do regime duodecimal em
vigor desde 01 de janeiro, José Reis destacou a maturidade que a população,
"especialmente os jovens", tem mostrado nos últimos meses em
Timor-Leste.
O dirigente da Fretilin salientou
o facto de todos os partidos terem aceite as decisões tomadas pelo Presidente
da República, criticando que a pré-campanha esteja a ser marcada por insultos e
tentativas de dividir a sociedade.
"São irresponsáveis e não
estão a contribuir. Já não têm outros argumentos e tentam dividir-nos. O
problema agora não é a frente armada ou diplomática, é a melhoria das condições
de vida do povo e do país", afirmou.
Sobre a aliança dos partidos da
oposição, José Reis considerou que era uma "plataforma
contraditória", tendo em conta a posição que os partidos mostraram na
campanha para a votação do ano passado.
"Para nós, este vai ser um
referendo ao programa do VII Governo e é com esse programa que vamos a
votos", disse Reis.
Dionísio Babo, responsável da
Comissão Diretiva Nacional (CDN) do maior partido da oposição, o Congresso
Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), disse aos jornalistas que a sua
força política concorda com o calendário proposto.
"Inicialmente propusemos
algumas alterações à lei em vigor, mas depois do debate consideramos que são
questões técnicas que podem ser resolvidas depois", observou.
Babo disse que o partido terá um
novo programa, criado em conjunto pelos três partidos atualmente na oposição
(CNRT, PLP e KHUNTO) e unidos na nova a Aliança para Mudança e Progresso (AMP).
Questionado sobre o facto de a
pré-campanha estar a ser marcada por insultos e ataques pessoais nas redes
sociais, Babo disse que o partido continuará com a maturidade que tem vindo a
mostrar.
"Há alguns fóruns facilmente
identificados que estão a fazer esses insultos a pessoas e instituições. Da
parte do CNRT, mostrámos maturidade política antes, durante e depois das
eleições de 2017, e mantemos a disciplina de não nos metermos neste tipo de
campanha que pode degradar a qualidade do Estado e da democracia",
afirmou.
Fidelis Magalhães, chefe da
bancada do Partido Libertação Popular (PLP), disse que o seu partido concorda
com a proposta de calendário apresentada pela CNE, com "datas adequadas
para realizar um voto transparente e profissional".
"A eleição é uma condição
sine qua non para uma democracia, e nós temos a responsabilidade de facilitar
as condições para isso", disse.
Mariano Sabino, ministro de
Estado e presidente do Partido Democrático (PD) - parceiro da Fretilin no
Governo - também confirmou o acordo com o calendário proposto, afirmando que a
eleição é um desafio importante para o país.
"É importante para a
democracia, para a cultura democrática. Temos que garantir que se debatem
programas sobre as condições de vida da população", afirmou.
"Os partidos têm que assumir
a sua responsabilidade na construção do Estado. Morreram 350 mil pessoas para
defender esta nação, e a construção do Estado tem que assentar em valores
importantes", disse.
Sabino questionou os que tentam
dividir, voltando a debater o período da resistência à ocupação indonésia e
afirmando que o importante hoje não é olhar para o passado mas para a
necessidade de desenvolver o país e melhorar as condições de vida do povo.
"O PD não aceita que se
utilize a resistência. As três frentes, armada, diplomática e clandestina,
foram importantes para a independência, e não pode usar-se isso para
dividir", afirmou.
"Agora temos é que falar do
programa para o desenvolvimento, para modernizar a sociedade, para transformar
a sociedade", disse, apelando à imprensa para ajudar a informar a
população.
Considerando que é
"triste" que tenha de se gastar "tempo e dinheiro" no voto
antecipado, Sabino disse que é essencial para renovar a confiança do povo e
garantiu que vai para a campanha com o programa do VII Governo, de que o PD faz
parte.
Armanda Berta dos Santos, líder
do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) também confirmou que o
seu partido concorda com o calendário proposto, remetendo para mais tarde
informação sobre o programa da AMP.
ASP // ANC
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