quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Pequim confirma detenção de livreiro sueco Gui Minhai


Pequim, 06 fev (Lusa) - Pequim confirmou hoje que deteve o cidadão natural da Suécia Gui Minhai, que vendeu livros críticos do regime chinês, "segundo a lei", enquanto Estocolmo denuncia um sequestro "brutal" e exige a sua libertação.

Gui, de 53 anos, seguia num comboio com dois diplomatas suecos, em 20 de janeiro passado, quando foi detido por polícias chineses, em Pequim.

O editor, que tem estado sob vigilância policial numa casa em Ningbo, no leste da China, deslocava-se à capital chinesa para consultar um médico devido a sintomas da doença de Charcot-Marie-Tooth, uma neuropatia de que padece.

"As autoridades competentes adotaram medidas judiciais coercivas contra Gui Minhai, por ter violado a lei chinesa", afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, sem avançar com mais detalhes.

A medida corresponde às clausulas do direito penal chinês, que permitem a privação da liberdade de um suspeito, através da sua detenção ou colocação em prisão domiciliar.

Já a Suécia condenou hoje a China pela detenção "brutal" e "arbitrária", feita apesar das garantias da China, de que Gui "era um homem livre".

A União Europeia também apelou a Pequim para que "liberte imediatamente" Gui Minhai, permitindo que este receba "apoio consular e médico".

"A China opõe-se a todas as declarações ou ações que não respeitam a sua soberania. Embora Gui seja um cidadão sueco, o seu caso deve ser julgado de acordo com a lei chinesa", disse Geng em conferência de imprensa.

"A Suécia deve perceber que os fatos em questão são sérios, e alguns cidadãos suecos têm desempenhado um papel irresponsável neste caso", afirmou.

"Instamos vivamente (Estocolmo) a não fazer nada que possa prejudicar o nosso respeito mútuo e o quadro geral dos nossos laços bilaterais", acrescentou.

Gui desapareceu pela primeira vez no final de 2015, quando passava férias na Tailândia. Era então o dono da "Mighty Current", editora de Hong Kong conhecida por publicar livros críticos dos líderes chineses.

O livreiro apareceu mais tarde na televisão estatal chinesa CCTV a confessar que se tinha entregado às autoridades pelo atropelamento e morte de uma jovem em 2004.

Quatro funcionários na livraria de Gui foram também detidos nos meses seguintes, mas acabaram por ser libertados passado pouco tempo, enquanto Gui permaneceu preso até outubro passado.

A suspeita de que Gui e os seus funcionários foram detidos por homens ao serviço das autoridades chinesas, entre 2015 e 2016, desencadeou uma onda de revolta e preocupação em Hong Kong, por constituir uma flagrante violação do princípio "Um país, dois sistemas".

De acordo com esta fórmula, as políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam em Hong Kong e Macau, (exceto nas áreas da Defesa e Relações Externas, que são da competência do governo central chinês) e os dois territórios gozam de "um alto grau de autonomia".

JOYP // FPA

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