Pequim, 06 fev (Lusa) - Pequim
confirmou hoje que deteve o cidadão natural da Suécia Gui Minhai, que vendeu
livros críticos do regime chinês, "segundo a lei", enquanto Estocolmo
denuncia um sequestro "brutal" e exige a sua libertação.
Gui, de 53 anos, seguia num
comboio com dois diplomatas suecos, em 20 de janeiro passado, quando foi detido
por polícias chineses, em Pequim.
O editor, que tem estado sob
vigilância policial numa casa em Ningbo, no leste da China, deslocava-se à
capital chinesa para consultar um médico devido a sintomas da doença de
Charcot-Marie-Tooth, uma neuropatia de que padece.
"As autoridades competentes
adotaram medidas judiciais coercivas contra Gui Minhai, por ter violado a lei
chinesa", afirmou Geng Shuang, porta-voz do ministério chinês dos Negócios
Estrangeiros, sem avançar com mais detalhes.
A medida corresponde às clausulas
do direito penal chinês, que permitem a privação da liberdade de um suspeito,
através da sua detenção ou colocação em prisão domiciliar.
Já a Suécia condenou hoje a China
pela detenção "brutal" e "arbitrária", feita apesar das
garantias da China, de que Gui "era um homem livre".
A União Europeia também apelou a
Pequim para que "liberte imediatamente" Gui Minhai, permitindo que
este receba "apoio consular e médico".
"A China opõe-se a todas as
declarações ou ações que não respeitam a sua soberania. Embora Gui seja um
cidadão sueco, o seu caso deve ser julgado de acordo com a lei chinesa",
disse Geng em conferência de imprensa.
"A Suécia deve perceber que
os fatos em questão são sérios, e alguns cidadãos suecos têm desempenhado um
papel irresponsável neste caso", afirmou.
"Instamos vivamente
(Estocolmo) a não fazer nada que possa prejudicar o nosso respeito mútuo e o
quadro geral dos nossos laços bilaterais", acrescentou.
Gui desapareceu pela primeira vez
no final de 2015, quando passava férias na Tailândia. Era então o dono da
"Mighty Current", editora de Hong Kong conhecida por publicar livros
críticos dos líderes chineses.
O livreiro apareceu mais tarde na
televisão estatal chinesa CCTV a confessar que se tinha entregado às
autoridades pelo atropelamento e morte de uma jovem em 2004.
Quatro funcionários na livraria
de Gui foram também detidos nos meses seguintes, mas acabaram por ser
libertados passado pouco tempo, enquanto Gui permaneceu preso até outubro
passado.
A suspeita de que Gui e os seus
funcionários foram detidos por homens ao serviço das autoridades chinesas,
entre 2015 e 2016, desencadeou uma onda de revolta e preocupação em Hong Kong,
por constituir uma flagrante violação do princípio "Um país, dois
sistemas".
De acordo com esta fórmula, as
políticas socialistas em vigor no resto da China não se aplicam em Hong Kong e
Macau, (exceto nas áreas da Defesa e Relações Externas, que são da competência
do governo central chinês) e os dois territórios gozam de "um alto grau de
autonomia".
JOYP // FPA
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