Dublin,
02 mai (Lusa) - Organizações de defesa dos animais pediram ao Governo da
Irlanda para proibir a exportação de galgos para Macau, condenando a forma como
estes cães são usados em corridas no território.
O
apelo consta de uma carta dirigida ao ministro da Agricultura da Irlanda, Simon
Coveny, e assinada pelos responsáveis de três organizações: as irlandesas SPCA
e The Irish Blue Cross e a Dogs Trust, descrita no texto como "a
maior" organização europeia de defesa do bem-estar dos cães.
As
organizações dizem-me "seriamente preocupadas e desapontadas" com
recentes notícias confirmadas de que foram vendidos galgos da irlanda para o
canídromo de Macau, uma região da China com administração especial.
Existe
em Macau um registo "bem documentado e deplorável" no que toca às
condições em que correm os galgos e à forma como são tratados no Canídromo Yat
Yuen, sublinham no mesmo texto.
As
três organizações lembram que trabalharam com a indústria ligada aos galgos na
Irlanda para subir os padrões de tratamento destes cães e que foi assinado em
2011 o "Welfare of Greyhounds Act", após "extensa consulta"
entre os departamentos governamentais que tutelam esta área, a indústria e as
associações de defesa dos animais.
Neste
contexto, a exportação de galgos para Macau é "um enorme passo
atrás", que contraria "a letra e o espírito" do documento
assinado em 2011, consideram os signatários da carta, que dizem ser impossível
controlar o tratamento dado aos galgos enviados para Macau.
As
organizações sublinham também que o Irish Greyhound Board (uma comissão que
regula as corridas de galgos na Irlanda) decidiu em 2011 excluir a China dos
destinos de exportação de cães.
"Não
deve haver exportação de galgos para jurisdições onde não existem condições de
bem-estar [animal] equivalentes às da Irlanda", lê-se no texto dirigido ao
ministro, com data de 28 de abril e tornado público pelas três organizações.
O
canídromo de Macau tem motivado protestos internacionais, com organizações de
todo o planeta a considerá-lo "o pior do mundo", denunciando que
nenhum cão sai vivo daquele espaço.
Em
novembro do ano passado, o Governo de Macau decidiu prolongar até dezembro de
2016 a licença para a exploração do canídromo à Companhia de Corridas de Galgos
Macau (Yat Yuen), que faz parte do universo da Sociedade de Turismo e Diversões
de Macau (STDM), fundada por Stanley Ho.
A
concessão de exploração do canídromo terminava em dezembro do ano passado e o
Governo de Macau decidiu renová-la temporariamente, depois de pedir um estudo
sobre esta matéria cujas conclusões só serão conhecidas dentro de meses.
Os
galgos que correm em Macau eram maioritariamente importados da Austrália, que
deixou de vender cães para o território no final do ano passado, na sequência
da campanha internacional que denunciou as condições do canídromo, segundo as
associações de defesa dos animais envolvidas.
Só
há agora dois países que podem vender galgos ao canídromo de Macau: Inglaterra
e Irlanda, segundo as mesmas organizações.
MP // APN
MP // APN
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