Díli,
02 mai (Lusa) - Países pequenos alvo de "bullying" de vizinhos mais
fortes podem juntar-se a Timor-Leste e travar as aspirações australianas a
conseguir um lugar do Conselho de Direitos Humanos da ONU, disse o ministro
timorense Xanana Gusmão.
Em
entrevista ao grupo de comunicação social australiano Fairfax, o negociador
principal timorense para as fronteiras marítimas e ministro do Planeamento e
Investimento Estratégico, criticou Camberra por se recusar a negociar com Díli
sobre fronteiras.
Xanana
Gusmão disse que Timor-Leste não vai apoiar a candidatura australiana ao
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, sublinhando que pequenos países
e países em desenvolvimento estão preocupados com a posição de Camberra sobre
as fronteiras que, insiste, está a negar milhares de milhões de dólares em
receitas de petróleo e gás natural ao seu país.
"Como
pode a Austrália negar os direitos de um povo e um país - Timor-Leste - se quer
defender direitos humanos. Quando falamos de direitos humanos, falamos num
contexto mais amplo. O direito à vida humana, o direito à educação, o direito à
saúde. É tudo", disse.
"Por
isso será muito difícil à Austrália conseguir um lugar. Conhecemos muitos
outros países - pequenos, pobres - que foram alvo de 'bullying' pelos seus
grandes vizinhos", sublinhou.
A
imprensa da Austrália sublinha que a polémica sobre fronteiras está a danificar
a imagem australiana no exterior, especialmente numa altura em que o país
enfrenta também críticas por causa do seu programa de tratamento de refugiados.
Timor-Leste
desencadeou a 11 de abril um Procedimento de Conciliação Obrigatória (PCO) nas
Nações Unidas para obrigar Camberra a sentar-se à mesa das negociações para
definir as fronteiras marítimas entre os dois países.
Apesar
dos acordos temporários de partilha dos recursos do Mar de Timor continua a não
haver fronteiras permanentes entre os dois países, com a Austrália a retirar-se
dos procedimentos de resolução internacionais o que, insiste Díli, limita
"os meios de Timor-Leste fazer cumprir os seus direitos ao abrigo do
direito internacional".
A
conciliação obrigatória é um processo previsto na Convenção das Nações Unidas
sobre o Direito do Mar (CNDUM) e obriga a Austrália a participar num processo
formal conduzido por um painel independente de peritos denominado
"comissão de conciliação".
O
procedimento pode ser usado em casos em que as partes não chegam a acordo ou um
dos Estados tomou a decisão de se excluir da jurisdição das instituições
internacionais dedicadas a mediar em conflitos sobre fronteiras marítimas.
Cinco
mediadores independentes integram a comissão de conciliação que ouvirá a
posição de cada um dos Estados e, caso não haja acordo, a comissão apresentará
ao secretário-geral da ONU um relatório a recomendar apoio na resolução.
Camberra
e Díli seriam então obrigadas a negociar em boa-fé, com base no relatório da
comissão.
Com
base no procedimento Díli nomeou já dois dos mediadores, tendo proposto o
Tribunal Arbitral Permanente para administrar a conciliação. Camberra nomeará
dois mediadores e os quatro, entre si, nomearão um quinto antes de o
procedimento começar.
Hoje
termina o prazo para que Camberra nomeie os seus mediadores e, se não o fizer,
caberia ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, nomear delegados em nome da
Austrália.
ASP
// MP
1 comentário:
MESMU IHA RAI LARAN AVO HALO KONFUSAUN POLITIKA...MAIBE IHA KONTEKSTU NEGOSIASI TASI TIMOR....ITA TENKI SUPORTA AVO PAI!! VIVA RDTL...
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