Jacarta, 02 jul (Lusa) -- A
organização Human Rights Watch (HRW) denunciou hoje, num relatório, a redução
do acesso aos exames e serviços médicos para detetar, prevenir e tratar o
VIH/Sida e outras doenças por causa da homofobia na Indonésia.
No documento, a organização
não-governamental (ONG) alertou que os discursos de políticos e figuras
públicas indonésias resultaram em intervenções das autoridades contra grupos
LGTB (gays, lésbicas, transexuais e bissexuais) desde 2016.
As operações policiais, às vezes
realizadas com a colaboração de grupos islâmicos, contribuíram para aumentar o
estigma contra o VIH e impediram que as pessoas em risco de contrair a doença usassem
os serviços de prevenção e tratamento, de acordo com a organização.
"O Governo indonésio deveria
reconhecer que o seu papel nos abusos contra as pessoas LGBT está a comprometer
seriamente a resposta do país ao VIH", declarou o investigador da HRW Kyle
Knight, num comunicado.
O relatório preparado com
entrevistas de testemunhas, ativistas e profissionais de saúde revelou que,
embora o número de novas infeções pelo VIH tenha diminuído nas últimas décadas,
a taxa entre homens homossexuais aumentou de 5% em 2007 para 25% em 2015,
segundo dados da ONUSIDA.
No ano passado, mais de 300
pessoas foram presas em saunas, discotecas, salões de beleza, quartos de hotel
e residências na Indonésia, sob o pretexto da lei anti-pornografia, devido à
"sua suposta orientação sexual", lembrou a HRW.
As intervenções das autoridades
-- nas quais são exibidos preservativos como evidências incriminatórias -
também significaram o encerramento de "pontos-chave" de
aconselhamento e prevenção do VIH nos estabelecimentos considerados seguros
pelos seus frequentadores.
O parlamento indonésio está
atualmente a debater a introdução da penalização do sexo entre homossexuais no
Código Penal.
CSR // VM
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