quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Ativista chinês condenado a sete anos de prisão por "subversão"


Pequim, 04 ago (Lusa) - Um conhecido advogado e ativista chinês foi hoje condenado a sete anos de prisão, por "subversão do poder do Estado", como parte de uma campanha do Governo chinês contra advogados dos Direitos Humanos.

Zhou Shifeng era o editor do escritório de advogados Fengrui, que prestava serviços a vítimas de abusos sexuais, membros de grupos religiosos proibidos na China e dissidentes.

É o terceiro de quatro julgamentos que estão marcados para esta semana, na sequência da "campanha 709" - assim designado por ter ocorrido a 09 de julho do ano passado - e que resultou na detenção de 200 pessoas.

Na terça-feira, o ativista Zhai Yanmin foi sentenciado a três anos de pena suspensa, acusado de subversão, por ações como envergar cartazes e gritar palavras de ordem.

Na quarta-feira, Hu Shigen, um outro ativista, foi condenado a sete anos e meio de prisão pelo mesmo crime.

Zhou assumiu-se culpado, perante um tribunal de Tianjin, no norte da China, informou a agência noticiosa oficial Xinhua.

O julgamento decorreu sob forte vigilância policial, com vários polícias fardados ou vestidos à civil nas imediações do tribunal, segundo descreveu a agência France Presse.

As autoridades cortaram os acessos ao tribunal, até cerca de 300 metros de distância, e os jornalistas foram forçados a deixar o local.

Pequim insiste que os julgamentos em Tianjin são abertos, afirmando que mais de 40 políticos, professores de Direito, advogados e "cidadãos de todos os estratos sociais" estão presentes na sala do tribunal.

No entanto, os familiares dos detidos, particularmente as esposas, queixaram-se publicamente de terem sido constantemente vigiadas e de lhes ter sido negado o acesso ao caso.

Citado pela imprensa oficial, o tribunal argumentou que Zhou pediu, por duas vezes, que os seus familiares não comparecessem no tribunal, publicando uma fotografia de uma carta alegadamente escrita e assinada por este, à mão, e com a sua impressão digital.

"Tendo em consideração que os meus familiares são todos camponeses, que carecem de educação, a sua presença em tribunal não seria benéfica, nem para mim, nem para eles", lê-se naquela nota.

Cerca de 12 advogados e ativistas detidos na operação "campanha 709" permanecem sob custódia da polícia.

Durante a atual liderança do atual Presidente chinês, Xi Jinping, as autoridades reforçaram o controlo sob académicos, advogados e jornalistas, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.

JOYP // SB

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