Macau,
China, 08 jun (Lusa) - O ex-administrador do hospital público de Macau Rui Sá
foi condenado a um ano e seis meses de prisão, com pena suspensa, por burla através
de receitas falsas, no valor equivalente a 16 mil euros, noticia hoje a
imprensa local.
Rui
Sá, que à data dos acontecimentos - entre maio de 2011 e abril de 2012 - era
administrador-geral no Centro Hospitalar Conde de São Januário, obteve, segundo
a sentença do Tribunal Judicial de Base, citada pelo jornal Ponto Final,
"fármacos avaliados em quase 139 mil patacas [15.686 euros], conseguidos
através de 70 consultas, divididas entre dois pacientes e distribuídas por dois
médicos em menos de um ano".
O
tribunal entendeu, no entanto, que os médicos, Rui Furtado, presidente da
Associação de Médicos de Língua Portuguesa, e António Martins, "foram
enganados" por Rui Sá.
O
levantamento dos medicamentos - a maioria para o tratamento de insónias,
Alzheimer e doenças do foro mental - foi feito em nome de duas pessoas: Eduardo
Graça Ribeiro, ex-diretor dos Serviços de Finanças, e Pinto Cassiano. Ambos
garantiram em tribunal que "nunca foram a estes médicos nem pediram ao
arguido ou a alguém para lhes arranjar medicamentos, nem nunca os
tomaram".
Foram
também ouvidas testemunhas que apontaram para um "exagero das doses
prescritas" em algumas destas receitas, que chegaram a atingir 7.468
patacas (838 euros) numa das ocasiões, diz o Ponto Final.
O
tribunal considerou que Rui Sá "levou o hospital a acreditar" que
Eduardo Graça Ribeiro e Pinto Cassiano "eram pacientes com doenças
crónicas" e "pedia aos dois médicos para prescreverem medicamentos
como se fossem para estes".
Em
causa neste processo estavam também as saídas de Rui Sá durante o horário de
trabalho para deslocações fora de Macau, a maioria das vezes a Zhuhai, cidade
vizinha de Macau.
Entre
janeiro de 2006 e 30 de abril de 2011, o ex-administrador saiu 68 vezes do
hospital durante o horário de serviço, quando estava indicado na folha de ponto
que estava a trabalhar. No entanto, os registos fronteiriços citados no
processo terminam a 26 de abril de 2011, duas semanas antes terem iniciado os
atos de burla.
O
caso foi denunciado pela Divisão de Farmácia Hospitalar, desencadeando um
processo interno em maio de 2012 que levou ao despedimento de Rui Sá por justa
causa.
A
pena, aplicada pelo tribunal na semana passada, está suspensa por dois anos,
mediante pagamento de 232 mil patacas (26 mil euros) aos Serviços de Saúde.
De
acordo com o jornal Hoje Macau, Rui Sá encontra-se atualmente a trabalhar em
Portugal na mesma área.
Contactado
pela agência Lusa, Rui Furtado, que foi ouvido em tribunal apenas como
testemunha, rejeitou comentar o caso. A Lusa também tentou contactar António
Martins, mas sem sucesso.
ISG
// VM
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