Lisboa,
26 abr (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros afirmou hoje que Portugal
propôs uma alteração da ordem alfabética na escolha do secretário-executivo da
Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Augusto
Santos Silva falava na comissão parlamentar de Negócios Estrangeiros e
Comunidades Portuguesas, realizada a pedido do Partido Social-Democrata (PSD).
"A
lógica da sucessão por ordem alfabética dos secretários-executivos e das
presidências pelo nome dos países), determinada pelos estatutos, podia colocar
uma dificuldade para os países africanos", disse Santos Silva,
referindo-se ao período 2016-2018 em que o Brasil terá a presidência 'pro
tempore' e Portugal o secretariado-executivo da CPLP.
O
governo português apercebeu-se "desta dificuldade", em que, pela
primeira vez desde a fundação da Comunidade, nenhum país africano assumiria
estes cargos de coordenação da CPLP, disse, na resposta a uma pergunta do
deputado do PSD José Cesário.
Portugal
propôs uma alteração da ordem com São Tomé e Príncipe, aceite por todos os
Estados-membros.
O
conselho de ministros decidiu alterar a ordem dos dois próximos mandatos do
secretário-executivo, cabendo em 2016-2017 a São Tomé e Príncipe e em 2018-2019
a Portugal.
Esta
situação levou o governo português a propôr uma revisão dos estatutos da CPLP,
na sequência de algumas dúvidas de Estados-membros. O governo português
considera que não deve haver qualquer dúvida sobre a matéria estatutária em
vigor na CPLP, afirmou.
O
responsável português disse que a CPLP não é "está isenta de tensões, mas
é exemplar na forma como as gere", com plena consciência de que se trata
de um organismo intergovernamental, constituído por nove Estados-membros iguais
em direitos e em responsabilidades, cujas decisões são tomadas por consenso.
Em
março, na 14.ª reunião do conselho de ministros extraordinário da CPLP, os
chefes da diplomacia da organização lusófona decidiram que o próximo mandato do
secretário-executivo será de quatro anos e a primeira metade caberá a São Tomé
e Príncipe e a segunda metade será assumida por Portugal.
Os
estatutos da organização preveem que o secretário-executivo seja indicado pelos
Estados-membros, de forma rotativa, por ordem alfabética crescente. Os mandatos
são de dois anos, renováveis por igual período.
Portugal
considerava que, à luz dos estatutos, lhe caberia agora indicar um nome para o
secretariado-executivo, mas alguns países, como Angola, Cabo Verde e São Tomé e
Príncipe invocaram a existência de um acordo verbal segundo o qual Lisboa não
poderia candidatar-se ao cargo por acolher a sede da organização.
EJ
// APN
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