Díli,
09 fev (Lusa) - Responsáveis de várias instituições do Estado timorense
apelaram hoje aos líderes políticos, candidatos e aos cidadãos em geral para
que garantam um ambiente de tolerância, estabilidade e paz nas eleições deste
ano em Timor-Leste.
Os
apelos foram deixados num encontro subordinado ao tema "paz, justiça e
tolerância para consolidar a independência nacional", promovido pelo
Gabinete de Apoio ao Cônjuge do Presidente da República em parceria com a
Fundação do Centro Quesadhip Ruak.
"É
preciso que cada cidadão saiba que o processo eleitoral faz parte da escolha do
cidadão nesse contrato social com o Estado. O Estado é a única instituição que
tem o monopólio da violência para impor a ordem, a estabilidade e a paz no
país", disse à Lusa o primeiro-ministro, Rui Araújo, à margem do debate.
Considerando
que os líderes políticos "devem assumir a responsabilidade de não recorrer
à violência como forma de ganhar votos", Rui Araújo disse que a
alternância democrática faz parte do processo de construção do Estado.
E
sublinhou que as últimas eleições, para as autoridades locais no final do ano
passado, mostraram que "o eleitorado está farto de violência e está
consciente de que tem o dever cívico de participar num ato eleitoral de forma
cívica, sem recorrer à violência para fazer valer os seus pontos de
vista".
Ainda
assim reconheceu que "há sempre riscos" inclusive violência verbal
que pode gerar alguma instabilidade, casos em que, se for necessário, atuarão
as forças de segurança.
Aos
participantes do encontro o chefe do Governo disse que o ambiente de
"tolerância, estabilidade e paz" depende, em grande parte, da forma
como atuarem os líderes, militantes e simpatizantes dos partidos e forças
políticas.
"A
violência ou estabilidade não ocorre se não for instigada ou incitada. Os
líderes, militantes e simpatizantes dos partidos políticos devem disseminar a
defesa do seu programa e tentar convencer os eleitores, sem obrigar ou
manipular para obter o voto", afirmou.
O
êxito eleitoral depende também "do rigor, integridade e
imparcialidade" dos órgãos de administração eleitoral, STAE e CNE e da
capacidade das forças de segurança, PNTL e F-FDTL, serem "firmes e
isentas" na sua "capacidade de antecipar e neutralizar o risco de
instabilidade ou insegurança pública".
Intervindo
no mesmo encontro, Dionísio Babo, ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos
Administração do Estado e da Justiça e ministro da Administração Estatal
insistiu na responsabilidade dos líderes políticos em garantir "que o
discurso político decorre num ambiente saudável, de debate de ideias e
programas", necessário para a transição entre gerações.
"Timor-Leste
tem tido excelentes resultados nos processos eleitorais, realizando eleições
livres e justas, com sentido de grande liberdade eleitoral, num processo de
transferência ordeira", afirmou.
O
atual momento eleitoral, disse, deve ser ainda aproveitado para respeitar e
promover o pluralismo e a igualdade de género, construindo sobre o recente
resultado das eleições locais onde o número de mulheres eleitas aumentou mais
de 100%.
No
mesmo encontro, o bispo de Díli, Virgílio do Carmo da Silva, insistiu numa
mensagem de defesa da paz e da instabilidade, afirmando que "a violência
não tem qualquer papel na festa da democracia".
O
prelado deixou ainda uma mensagem aos jornalistas que devem escrever "com
verdade e justiça", na cobertura que fazem do processo eleitoral.
Júlio
Hornay, comandante-geral da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), disse que
as forças de segurança estão preparadas para, cumprindo o seu mandato, garantir
a segurança em todo o país, trabalhando em cada suco com as autoridades locais
e a comunidade.
Hornay
apelou às famílias timorenses e aos chefes locais para que acompanhem a
situação nas suas zonas, ajudando a apoiar os jovens e a informar a polícia em
caso de se registarem atos violentos.
"Estamos
preparados, em coordenação com as F-FDTL (Forças de Defesa) para assegurar que
o processo eleitoral para as eleições decore sem problemas. Teremos efetivos em
todo o território para prevenir violência e ajudar a resolver problemas que
possam surgir", disse.
A
mensagem foi ecoada pelo chefe do Estado-Maior general das Forças de Defesa de
Timor-Leste (F-FDTL), o major-general Lere Anan Timur, que disse que as
eleições deste ano são "mais um teste à maturidade de Timor-Leste".
"Sem
paz e estabilidade não teremos eleições como deve ser. E se isso não acontecer
seremos um estado falhado. É um teste para saber se Timor-Leste tem maturidade
política ou se precisa de tutela dos outros", afirmou.
ASP
// FV. - Foto: GPM
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