Díli,
03 ago (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin disse hoje que o partido vai
dialogar com as restantes forças políticas eleitas para o parlamento para
formar um Governo que respeite a vontade expressa pelo eleitorado a 22 de
julho.
Mari
Alkatiri considerou que, depois da votação, o povo renovou a confiança nos
partidos mais antigos, Fretilin e CNRT, mas que também introduziu
"variáveis novas", ao eleger duas novas forças políticas, que têm que
ser tidas em conta.
"A
mensagem do povo é que o entendimento tem dado resultados, pelo menos na
consolidação da paz e estabilidade (...) e esse entendimento deve continuar,
entre o CNRT e o bloco de coligação com a Fretilin", disse aos jornalistas
no Palácio Presidencial em Díli.
"Mas
o povo diz que 'vocês não são os únicos'. Há dados e variáveis novas, o PLP e o
KHUNTO. Se houver entendimento não se pode excluir esses novos atores",
afirmou.
Mari
Alkatiri falava aos jornalistas depois de uma reunião, de cerca de uma hora,
com o Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, que iniciou os contactos
com os partidos políticos para a formação do Governo.
O
Tribunal de Recurso validou esta semana os resultados das legislativas de 22 de
julho que deram à Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin)
23 lugares no parlamento, 22 ao Congresso Nacional da Reconstrução Timorense
(CNRT), oito ao Partido Libertação Popular (PLP), sete ao Partido Democrático
(PD) e cinco ao Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).
"A
orientação do Presidente é de respeitar a Constituição e para respeitar a
Constituição o partido mais votado tem que liderar o processo de formação do
Governo. Mas compreendemos a mensagem do povo, expressa no voto", afirmou.
"O
entendimento desde 2012 até 2017 (entre CNRT e Fretilin) tem que continuar. Mas
temos novos partidos, o PLP e o KHUNTO, com preocupações e aspirações legítimas",
considerou.
Alkatiri
disse que, até ao momento, ainda não conseguiu falar com o presidente do CNRT,
Xanana Gusmão, mostrando-se convicto que essa conversa ocorrerá e insistindo
que não está preocupado com calendários ou prazos.
"Eu
penso que ninguém consegue falar com o meu compadre Xanana e eu que sou
compadre ainda não consegui. Mas, como compadre, a minha esperança
mantém-se", disse.
A
Fretilin deverá reunir nos próximos dias o Comité Central do partido e vai
enviar, em breve, uma carta para todos os partidos, que pretende definir o que
fazer "com a nova equação política" saída do voto.
"Estamos
perante uma nova equação política em Timor-Leste. Temos que ver como encontrar
um denominador comum. Essa é a base: vai ser incidência parlamentar, um Governo
de coligação, um Governo amplo de inclusão. O que é?", disse.
"Compete-nos
definir bem esta equação e ver as variáveis que existem e encontrar uma
solução. Penso que não é tão simples assim, mas também não é algo tão complexo
que não possamos ultrapassar", afirmou.
Questionado
pela Lusa sobre Xanana Gusmão ter prometido, durante a campanha, que se o CNRT
não vencesse deixaria o partido na oposição, Mari Alkatiri disse que "uma
coisa são promessas", outra que "a mensagem do povo tem que ser
entendida".
Alkatiri
admitiu que gostaria que a negociação estivesse concluída "dentro de uma
semana", mas sublinhou não estar preocupado se demorar mais tempo,
garantindo que o Governo e o Parlamento nacional estão a funcionar.
"O
país não vai entrar em crise por causa do prazo. Não estou muito preocupado com
isso", afirmou.
Independentemente
do resultado das negociações, o próximo Governo tem que apostar na governação
aberta "para consultar sempre que precisa, a Igreja católica, confissões
religiosas e a sociedade civil", disse.
Lu-Olo
recebe ainda, durante o dia, as lideranças do CNRT e do PLP, e na sexta-feira
os responsáveis do PD e do KHUNTO.
ASP
// EJ
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