quinta-feira, 3 de agosto de 2017

Fretilin abre a porta a diálogo com todos os partidos

Díli, 03 ago (Lusa) - O secretário-geral da Fretilin disse hoje que o partido vai dialogar com as restantes forças políticas eleitas para o parlamento para formar um Governo que respeite a vontade expressa pelo eleitorado a 22 de julho.

Mari Alkatiri considerou que, depois da votação, o povo renovou a confiança nos partidos mais antigos, Fretilin e CNRT, mas que também introduziu "variáveis novas", ao eleger duas novas forças políticas, que têm que ser tidas em conta.

"A mensagem do povo é que o entendimento tem dado resultados, pelo menos na consolidação da paz e estabilidade (...) e esse entendimento deve continuar, entre o CNRT e o bloco de coligação com a Fretilin", disse aos jornalistas no Palácio Presidencial em Díli.

"Mas o povo diz que 'vocês não são os únicos'. Há dados e variáveis novas, o PLP e o KHUNTO. Se houver entendimento não se pode excluir esses novos atores", afirmou.

Mari Alkatiri falava aos jornalistas depois de uma reunião, de cerca de uma hora, com o Presidente timorense, Francisco Guterres Lu-Olo, que iniciou os contactos com os partidos políticos para a formação do Governo.


O Tribunal de Recurso validou esta semana os resultados das legislativas de 22 de julho que deram à Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) 23 lugares no parlamento, 22 ao Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), oito ao Partido Libertação Popular (PLP), sete ao Partido Democrático (PD) e cinco ao Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO).

"A orientação do Presidente é de respeitar a Constituição e para respeitar a Constituição o partido mais votado tem que liderar o processo de formação do Governo. Mas compreendemos a mensagem do povo, expressa no voto", afirmou.

"O entendimento desde 2012 até 2017 (entre CNRT e Fretilin) tem que continuar. Mas temos novos partidos, o PLP e o KHUNTO, com preocupações e aspirações legítimas", considerou.

Alkatiri disse que, até ao momento, ainda não conseguiu falar com o presidente do CNRT, Xanana Gusmão, mostrando-se convicto que essa conversa ocorrerá e insistindo que não está preocupado com calendários ou prazos.

"Eu penso que ninguém consegue falar com o meu compadre Xanana e eu que sou compadre ainda não consegui. Mas, como compadre, a minha esperança mantém-se", disse.

A Fretilin deverá reunir nos próximos dias o Comité Central do partido e vai enviar, em breve, uma carta para todos os partidos, que pretende definir o que fazer "com a nova equação política" saída do voto.

"Estamos perante uma nova equação política em Timor-Leste. Temos que ver como encontrar um denominador comum. Essa é a base: vai ser incidência parlamentar, um Governo de coligação, um Governo amplo de inclusão. O que é?", disse.

"Compete-nos definir bem esta equação e ver as variáveis que existem e encontrar uma solução. Penso que não é tão simples assim, mas também não é algo tão complexo que não possamos ultrapassar", afirmou.

Questionado pela Lusa sobre Xanana Gusmão ter prometido, durante a campanha, que se o CNRT não vencesse deixaria o partido na oposição, Mari Alkatiri disse que "uma coisa são promessas", outra que "a mensagem do povo tem que ser entendida".

Alkatiri admitiu que gostaria que a negociação estivesse concluída "dentro de uma semana", mas sublinhou não estar preocupado se demorar mais tempo, garantindo que o Governo e o Parlamento nacional estão a funcionar.

"O país não vai entrar em crise por causa do prazo. Não estou muito preocupado com isso", afirmou.

Independentemente do resultado das negociações, o próximo Governo tem que apostar na governação aberta "para consultar sempre que precisa, a Igreja católica, confissões religiosas e a sociedade civil", disse.

Lu-Olo recebe ainda, durante o dia, as lideranças do CNRT e do PLP, e na sexta-feira os responsáveis do PD e do KHUNTO.

ASP // EJ

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