segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Oposição timorense espera que PR anuncie esta semana solução para impasse político


Díli, 22 jan (Lusa) - A oposição timorense, maioritária no Parlamento Nacional, espera que o Presidente da República anuncie ainda esta semana uma solução para o impasse político que se vive em Timor-Leste, escolhendo a formação de um novo Governo ou eleições antecipadas.

"É melhor não deixar esta nação continuar com esta incerteza mais tempo", disse à Lusa Arão Noé, chefe da bancada do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), o maior dos três partidos da oposição.

Arão Noé falava no Parlamento Nacional - onde hoje voltou a não se realizar sessão plenária - no dia em que se cumprem seis meses desde a eleição dos atuais 65 deputados e a partir do qual o chefe de Estado pode, se assim decidir, dissolver o Parlamento e convocar eleições antecipadas.

Fonte da Presidência confirmou à Lusa na semana passada que Francisco Guterres Lu-Olo deverá receber os partidos políticos na terça-feira, ouvindo na quarta-feira o Conselho de Estado, pelo que é possível um anúncio de uma decisão ainda esta semana.

Timor-Leste vive há vários meses um período de incerteza política depois de a oposição ter chumbado o programa do Governo e uma proposta de Orçamento Retificativo, apresentando depois a moção de censura ao executivo e uma proposta de destituição do presidente do Parlamento.

A oposição - formada pelos 35 deputados do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), Partido Libertação Popular (PLP) e Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) e reunidos numa Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) constituída já depois da formação do Governo - defendem que o Presidente os deve convidar a formar um Governo alternativo ao atual.

A favor de eleições antecipadas estão a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) e o Partido Democrático (PD), que integram a coligação do Governo, de que fazem ainda parte vários independentes, um militante do CNRT e dois anteriores membros do PLP, expulsos do partido depois de terem acedido integrar o executivo.

A nível do Parlamento Nacional, a previsão é que na terça-feira os deputados se reúnam em plenário, com a agenda a ser marcada apenas por declarações políticas e outros "assuntos relevantes".

Deverá ser ainda discutido, explicou Arão Noé, o guião para o debate da moção de censura da oposição ao Governo - que está previsto decorrer entre 31 de janeiro e 02 de fevereiro, mas cuja realização pode ser condicionada por uma eventual decisão do chefe de Estado.

Fonte do executivo confirmou ainda à Lusa que é possível que o Governo envie ainda esta semana ao Parlamento Nacional uma segunda versão do programa do Governo "anotado".

Por agendar no Parlamento Nacional estão também duas propostas da oposição de combate à corrupção, nomeadamente o "regime jurídico de responsabilidade penal para o crime de corrupção no setor privado" e o "regime de responsabilidade pena para os titulares de cargos públicos".

Crucial para o funcionamento de todo o Estado - Timor-Leste vive com duodécimos desde 01 de janeiro - é uma autorização para levantamentos do Fundo Petrolífero para financiar as contas públicas até à aprovação do Orçamento Geral do Estado para 2018.

ASP | Foto: GMN TV

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