Díli, 12 jul (Lusa) - Nove
políticos propostos para o Governo timorense afirmaram hoje serem alvo de
"infundadas acusações" e de ataques à "reputação e honra",
numa carta enviada ao Presidente do país.
Na carta, em que se reservam o
direito de "poder agir judicialmente, civil e criminalmente, até ser
reposta a verdade sobre o bom nome e reputação de cada um", os nove
membros propostos para o VIII Governo dizem que a postura do Presidente
timorense está a causar danos a si próprios e às famílias.
"A título de exemplo,
referências como 'o filho do ladrão', ou 'a mulher do corrupto', têm-se
repetido, em diversos locais, tais como na escola, no trabalho etc., contra os
membros de cada uma das famílias", de acordo com o texto obtido pela Lusa.
"Tais acusações infundadas
baseiam-se exclusivamente no teor da carta" do Presidente, sendo "um
julgamento popular (ilegal e injusto) e causador de um estigma social",
sublinharam aqueles políticos.
Na mesma carta, os nove políticos
pediram ao chefe de Estado que "proceda ao desmentido e ponha fim ao largo
conjunto de mal-entendidos que a sua missiva originou e que graves prejuízos
têm causado a cada um, às respetivas famílias e aos partidos políticos"
respetivos.
"Desde a divulgação pública
da carta de Sua Excelência, o Presidente da República, que infundadas acusações
têm sido feitas contra nós próprios. O nosso nome, reputação e honra estão a
ser gravemente atingidos por infundadas acusações de Sua Excelência, o
Presidente da República", escreveram.
O Presidente timorense, Francisco
Guterres Lu-Olo, tem recusado dar posse alguns dos membros nomeados pelo
primeiro-ministro Taur Matan Ruak, por terem "o seu nome identificado nas
instâncias judiciais competentes" ou possuírem "um perfil ético
controverso".
O impasse mantém-se em relação a
nove nomes, sete dos quais do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense
(CNRT): Francisco Kalbuadi Lay, Virgílio Smith, Tomás do Rosário Cabral,
Jacinto Rigoberto Gomes de Deus, Hélder Lopes, Amândio de Sá Benevides, Sérgio
Gama da C. Lobo.
Os dois outros são António
Verdial de Sousa e José Manuel Soares Turquel de Jesus, ambos do Kmanek Haburas
Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO). O CNRT, o KHUNTO e o Partido Libertação
Popular (PLP) integram a Aliança de Mudança para o Progresso (AMP), coligação
que venceu as eleições de 12 de maio com maioria absoluta.
"Nós próprios desconhecemos
qualquer processo judicial que esteja a decorrer contra os próprios, e
recusamos firmemente ser apelidados de cidadãos 'com perfil ético controverso',
pois desconhecemos os factos subjacentes a tal adjetivação", reiteraram.
Os nove afirmaram ainda
desconhecer qualquer lei, norma ou regulamento "que imponha um perfil
ético determinado para o exercício das funções para as quais foram
designados".
Na carta, enviada a Lu-Olo na
quarta-feira, com cópia para o procurador-geral, José Ximenes, os nove reagiram
depois de terem tido "conhecimento público" que o chefe de Estado
recomendou ao primeiro-ministro que a sua inclusão no Governo "fosse ponderada".
Os nove lembraram que pertencem
ao quadro superior do CNRT ou do KHUNTO, com "funções como políticos nos
respetivos partidos políticos e da coligação Aliança de Mudança para o
Progresso, merecendo a confiança dos líderes máximos, da estrutura e dos
militantes".
"Todos já exercemos funções
públicas, tendo-as desempenhado com o rigor e isenção exigíveis às funções
investidas. Prosseguimos, no máximo das nossas capacidades, o interesse
público, e o interesse e proteção do nosso jovem Estado", acrescentaram.
ASP // FST/EJ
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