Díli, 26 nov (Lusa) - O
Presidente da República timorense condecora quarta-feira, no 48.º aniversário
da proclamação da independência de Timor-Leste, 46 veteranos da luta contra a
ocupação indonésia, a maioria dos quais dedicou 24 anos à luta armada.
"A maioria dos cidadãos
condecorados com a Ordem de Timor-Leste dedicou-se exclusivamente a luta na
frente armada, sem interrupção, durante 24 anos", refere Francisco
Guterres Lu-Olo no decreto de condecoração.
O chefe de Estado considera ser
um "dever reconhecer e valorizar a ação de patriotismo, dedicação
exclusiva e grande sacrifício" dos condecorados, vários dos quais a título
póstumo.
Entre os condecorados estão
alguns dos nomes sonantes da luta contra a ocupação indonésia, entre 07 de
dezembro de 1975 - quando a Indonésia invadiu o país, dias depois da Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) proclamar a
independência, a 28 de novembro - e a consulta popular que ditou a
independência, a 30 de agosto de 1999.
Duas das principais figuras da
luta liderada pelas Falintil, o braço armado da resistência, estão entre os
distinguidos: António João Gomes da Costa (Ma'Huno), que liderou a luta depois
da prisão de Xanana Gusmão, em 1992, e até ser capturado em abril de 1993, e o
seu sucessor, Nino Konis Santana, que liderou a resistência até à sua morte, a
11 de março de 1998, e que recebe a condecoração postumamente.
Das mãos do Presidente recebem
ainda o Colar da Ordem de Timor-Leste Cornélio Ximenes (Maunana), colaborador
do chefe de Estado maior, Faustino dos Santos (Renan Selak), que foi secretário
da Região 1 e Vidal de Jesus (Riak Leman), que foi secretário da Região IV.
A lista inclui ainda o segundo
comandante da região II, Manuel Freitas (Mau Buti) e os segundos comandantes da
região III Cornélio Gama (L7) e Jaime Ribeiro (Samba Sembilan)
Custódio Belo, adjunto político e
responsável do secretariado do Estado Maior das Falintil, Lourenço Amaral de
Matos, adjunto político e militar, e Zacarias de Fátima, adjunto da Região IV,
recebem a mesma condecoração.
Além de Konis Santana, recebem o
Colar da Ordem de Timor-Leste a título póstumo Fernando Teles da Costa
(Txai/Bazuka), membro do Comité Central da Fretilin, José Henrique (Rojas Co'o
Susu), comandante de região e Benedita Freitas (Dircy Betty), adjunta política
na Região 1.
Com a medalha da Ordem de
Timor-Leste são condecorados 32 cidadãos timorenses, um dos quais a título
póstumo.
A 28 de novembro de 1975, Xavier
do Amaral - que seria Presidente durante nove dias - leu em frente ao Palácio
do Governo em Díli o texto da proclamação unilateral da independência de
Timor-Leste pela Fretilin.
"Encarnando a aspiração
suprema do povo de Timor-Leste e para salvaguarda dos seus mais legítimos
direitos e interesses como nação soberana, o Comité Central da Frente
Revolucionária de Timor-Leste Independente (Fretilin) decreta e eu proclamo,
unilateralmente, a independência de Timor-Leste, que passa a ser, a partir das
00:00 de hoje a República Democrática de Timor-Leste, anticolonialista e
anti-imperialista", declarou.
"Viva a República
Democrática de Timor-Leste. Viva o povo de Timor-Leste livre e independente.
Viva a Fretilin", concluiu.
A independência foi interrompida
com a invasão indonésia, a 07 de dezembro de 1975, e restaurada a 20 de maio de
2002.
As cerimónias deste ano decorrem
exatamente no mesmo local.
ASP // JMC
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