Díli, 24 ago 2020 (Lusa) -- A
ministra dos Negócios Estrangeiros timorense disse hoje que vai levar ao
Conselho de Ministros a questão de cidadãos estrangeiros que estão
impossibilitados de entrar ou sair em Timor-Leste há cinco meses devido à
suspensão dos voos comerciais.
"Esta é uma questão
pertinente e vou levar o assunto ao Conselho de Ministros", disse Adaljiza
Magno em declarações à Lusa.
"Sei que o atual avião do
Programa Alimentar Mundial não é suficiente para todos nos podermos deslocar,
para entrar e sair. Mas o Governo tem de continuar a atuar para tentar travar o
contágio da covid-19 na comunidade", frisou.
Adaljiza Magno notou que o país
tem recursos limitados, especialmente infraestruturas de quarentena para
acolher um grande número de pessoas que cheguem ao país, motivo pelo qual
mantém restrições nas fronteiras.
"Mas esta é uma questão
pertinente e que tem que ser resolvida", disse.
Timor-Leste está sem voos
comerciais desde final de março, com as viagens de e para a ilha a serem
bastante limitadas.
O único país que está a conseguir
que os seus cidadãos entram e saiam de forma mais regular é a Austrália,
mediante um acordo do Governo com a companhia AirNorth, que faz voos entre Díli
e Darwin.
Restrições na Austrália e em
Timor-Leste tornam praticamente impossível o uso desses voos por cidadãos de
outros países.
O país teve até ao momento apenas
alguns voos 'charter' para repatriamento dos seus cidadãos, incluindo um de
Portugal em abril, um este mês de timorenses para Díli e outros de outros
países, incluindo os Estados Unidos.
Além disso, o único voo regular é
o operado quinzenalmente pelo Programa Alimentar Mundial (PAM), cujo acesso
está limitado a funcionários de missões internacionais, agências das Nações e
organizações não-governamentais.
Um cenário que não abrange
cidadãos sem ligações a estas estruturas que estão impossibilitados de sair ou
que saíram no início da pandemia de covid-19 e não conseguem voltar.
Em julho a Autoridade de Aviação
Civil de Timor-Leste (AACTL) informou que os voos comerciais, regulares ou
charters, de e para Díli vão continuar suspensos por tempo indefinido.
O facto da suspensão de outros
voos se manter, por tempo indefinido, levou a AirTimor a anunciar o
cancelamento de um voo 'charter' projetado entre Kuala Lumpur e Díli, previsto
para 01 de agosto.
Eugene Ong, da Air Timor, disse
que o voo tinha suscitado "bastante interesse" de passageiros nos
dois sentidos, e que a empresa continua "disponível e interessada" em
que se possa realizar assim que for possível.
Cidadãos portugueses e de outras
nacionalidades que terminaram os seus contratos em Timor-Leste há vários meses,
ouvidos pela Lusa, dizem não conseguir sair do país, tendo-lhes sido recusados
pedidos para recorrer ao voo do PAM.
Outros que querem sair definitivamente
do país e têm trabalho noutro país -- onde têm de se apresentar -- ou que
necessitam de fazer tratamentos médicos e até turistas -- incluindo duas
cidadãs suíças -- retidos há vários meses no país, estão na mesma situação.
No sentido inverso há cidadãos de
vários países que residem e trabalham em Díli, que saíram entre fevereiro e
abril e que desde aí não conseguiram forma de voltar, incluindo responsáveis de
várias empresas, algumas de grande dimensão.
Timor-Leste tem atualmente um
caso ativo de covid-19, com um total de 25 pacientes recuperados desde o início
da pandemia.
ASP // JH
Sem comentários:
Enviar um comentário