O embaixador dos Estados Unidos em Díli está confiante num acordo em breve com Timor-Leste para um projeto que prevê a oferta de um avião, a operar a partir de Baucau, para monitorização das águas do país.
"Estou otimista e penso que estamos muito próximos de chegar a um texto final para que o documento possa ir a Conselho de Ministros e depois o possamos assinar e começar os preparativos", disse Kevin Blackstone, em entrevista à Lusa.
O projeto prevê, na prática, a oferta de um avião Cessna, para fiscalização marítima, veículos de emergência e algumas melhorias ligeiras às infraestruturas do aeroporto de Baucau, a segunda cidade do país, nomeadamente a construção de uma vedação de perímetro e de um edifício de armazenagem.
O projeto arrasta-se desde 2018, quando os primeiros contactos sobre a iniciativa foram feitos entre Timor-Leste e a embaixada em Díli, mas ficou marcado por alguma polémica, com alguns críticos a sugerirem que era uma tentativa dos Estados Unidos instalarem uma base em Baucau.
Blackstone é claro em rejeitar a polémica, insistindo que Washington não tem qualquer plano para uma base militar em Timor-Leste e que este projeto foi solicitado pelo Governo timorense e será totalmente gerido pelo país.
"Não há qualquer plano para
uma base ou instalação ou presença permanente dos EUA
"O projeto é exatamente uma vedação de perímetro, um edifício de armazenagem, veículos de emergência e um Cessna que permite recolher vídeo e imagens da zona marítima", afirmou.
No valor total de 10,7 milhões de dólares (8,81 milhões de euros), o projeto de apoio inclui ainda vários anos de manutenção e assistência, incluindo formação de pilotos.
"Os Estados Unidos respeitam o sentido de soberania timorense. As autoridades deram todos os passos para garantir que não fazem qualquer acordo que comprometa a sua capacidade ou que represente qualquer obrigação futura", disse.
O diplomata admite que o processo tem demorado, mas mostrou-se confiante num acordo, depois de encontros recentes com o vice-primeiro-ministro, José Reis, mandatado para liderar as negociações.
Nesses encontros, frisou Blackstone, Timor-Leste "pediu também que os EUA possam apoiar noutro aspeto, que é o de promover e desenvolver o setor da aviação civil em Timor-Leste".
"A assistência que estamos a oferecer poderia permitir que os timorenses criassem um aeroporto de dupla utilização, civil e militar. As Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), aliás, já estão em Baucau", notou.
Durante as reuniões com as autoridades timorenses nas últimas semanas, Blackstone disse que o seu país está disponível para dar outros apoios que possam ser necessários, por exemplo, caso o país decida criar um aeroporto comercial em Baucau.
"A ideia que temos em Washington, por exemplo, é de disponibilizar iluminação para a pista, alimentada a energia solar. Ou até uma infraestrutura para que o Governo, a Proteção Civil, possam ter uma estrutura para armazenagem para assistência humanitária ou em resposta a desastres naturais e onde possam ter material de emergência", afirmou.
"Há muitas ideias, mas temos que dar este primeiro passo, que está a demorar muito tempo. Precisamos de fechar este acordo. O calendário não é infinito, mas estou otimista de que chegaremos a acordo nos próximos meses", considerou.
O projeto apoiado pelos Estados Unidos está a ser debatido desde 2018, com o Governo a mandatar em janeiro de 2019 três membros do Governo para a primeira negociação com Washington.
A 30 de janeiro de 2019, em
Conselho de Ministros, o Governo aprovou um projeto de deliberação do ministro
da Defesa, Filomeno da Paixão de Jesus, "relativo ao início das
negociações com o Governo dos Estados Unidos da América para o desenvolvimento
do aeroporto de Baucau",
"Este aeroporto permite uma extensão de pista consideravelmente superior à do aeroporto de Díli e é um dos aeroportos com maior potencial do país, pela sua localização privilegiada", explicou o Governo.
A proposta "visa a autorização para o início das negociações dos termos do acordo necessário ao projeto de cooperação destinado a reabilitar e desenvolver o aeroporto de Baucau", acrescentou.
Em novembro de 2020, o assunto voltou a Conselho de Ministros, com o executivo a mandatar, deste vez, o vice-primeiro-ministro, José Reis, para negociar e assinar o projeto.
RTP | Lusa
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