sábado, 27 de junho de 2015

FILIPINAS, O PAÍS ONDE A TORTURA AINDA FAZ PARTE DA REALIDADE


157 países ratificaram a convenção das Nações Unidas contra a tortura, mas só em 16 nações não foram detectados casos

Um pouco por todo o mundo haverá vigílias e serão lembrados aqueles cujas vidas mudaram porque alguém violou os direitos que tinham. Entre 2001 e 2013, a Amnistia Internacional registou um aumento de 900% nos casos de tortura. Hoje é Dia Internacional das Vítimas de Tortura.

Nas Filipinas, a tortura ainda é uma realidade. Aquilino Pimentel um antigo senador que ajudou a nascer a lei contra a tortura foi preso várias vezes durante o regime de Marcos mas nunca foi mal tratado.

Ouvido pela TSF, ele admite que o facto de ser conhecido o ajudou mas não impediu de a testemunhar. "Pessoalmente nunca fui torturado mas vários companheiros de cela foram e à noite ouvíamos os gritos".

Tortura física nunca existiu, mas a psicológica foi usada contra a família mas o antigo senador não se deixou intimidar. "Pode não acreditar, mas o medo não estava no meu pensamento. Estava motivado pelo desejo de estabelecer aquilo em que acredito e por isso dizia o que pensava". Outros milhares de filipinos não tiveram a sorte do antigo senador. Aurora Parong é médica e lidou com muitos torturados e sabe que as marcas não se apagam. É um processo demorado e doloroso, mas há que ganhar a confiança do torturado.

"Uma entrevista psicológica a sobreviventes da tortura pode transformar-se numa catarse. Quando as pessoas conseguem falar e verbalizar o que passaram e o processo de reabilitação é mais rápido".

Aurora Parong tem dedicado a vida à defesa dos direitos humanos e diz que a situação continua. "Recentemente, em 2013, encontrámos uma roda de tortura numa esquadra da policia e muita gente diz ter sido torturada assim".

Em vez dos prémios e dinheiro que saiam na famosa roda da Sorte na Televisão, esta versão era muito mais sombria. Os detidos giravam a roda e eram submetidos à tortura que dela saía.

Aurora Parong faz atualmente parte do conselho que vai indemnizar as vítimas de acordo com o que sofreram. Este organismo só foi criado o ano passado e por isso ainda não foi dada qualquer indemnização. As Filipinas ainda tentam reconciliar-se com a história.

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