quarta-feira, 24 de junho de 2015

Governo de Macau admite culpa por não aproveitamento de 365 mil metros quadrados de terrenos


Macau, China, 23 jun (Lusa) -- O Governo de Macau admitiu hoje a culpa do não-aproveitamento de 16 terrenos, com uma área total de 365.302 metros quadrados, explicando, assim, porque é que estes não serão revertidos para a Administração.

"O Governo não conseguiu tratar atempadamente das formalidades junto do concessionário. Constatou-se insuficiência por parte do Governo. [O não aproveitamento destes] 16 terrenos tem responsabilidade imputada ao Governo e por isso eles foram excluídos da lista" de parcelas a reaver, disse Ho Ion Sang, presidente da Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras e Concessões Públicas da Assembleia Legislativa, dando conta das explicações apresentadas, à porta fechada, pelo secretário para os Transportes e Obras Públicas.

Em 2011, o Governo identificou 48 terrenos para reversão por não estarem a ser aproveitados de acordo com os seus contratos de concessão. Desses, 18 já reverteram para a administração e outros cinco estão na calha, uma medida que se reveste de particular importância num território afligido pela escassez de terrenos e onde a construção de mais habitação, pública e privada, lidera os pedidos da população.

No entanto, na semana passada, o Executivo anunciou que, afinal, 16 parcelas não reuniam requisitos para serem recuperadas, sem que fossem apresentados motivos. Dias depois, o próprio chefe do Executivo, Chui Sai On, garantiu que esta semana Raimundo do Rosário avançaria com explicações.

Segundo o que o governante explicou hoje à Comissão de Acompanhamento para os Assuntos de Terras, estes terrenos não foram totalmente ou apenas parcialmente aproveitados devido a atrasos da própria Administração, que, por exemplo "não conseguiu facultar a tempo as Plantas de Condições Urbanísticas", indicou Ho Ion Sang.

Os terrenos em causa têm uma área total de 365.302 metros quadrados, a maior fatia (162.948 metros quadrados) dividida entre cinco parcelas com finalidade hoteleira. A segunda maior área (158.054 metros quadrados) é ocupada por quatro terrenos com finalidade industrial, seguida de 36.300 metros quadrados em quatro lotes para habitação, 8.000 metros quadrados de uma parcela para comércio e 4.169 metros quadrados de um terreno para escritório.

Dois destes terrenos estão localizados no Cotai, zona de casinos, e pertencem a empresas ligadas à indústria do jogo, confirmou Ho Ion Sang.

Um é da Sociedade Macau Parque Temático e Resort, com capitais de Angela Leong, mulher de Stanley Ho, magnata da Sociedade de Jogos de Macau. A empresa tinha anunciado em 2010 a intenção de abrir um parque temático naquele local.

O outro terreno, destinado "à construção de um centro de produção cinematográfico", é onde hoje se ergue a obra, quase concluída, do Studio City, o novo projeto da Melco Crown, que deve abrir este ano.

ISG/DM // JMR

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