Lisboa,
24 jun (Lusa) - O ministro do Ambiente e da Energia incentivou a Comunidade dos
Países da Língua Portuguesa (CPLP) a aproveitar os cerca de 19 biliões de euros
de investimento previsto para os próximos anos a nível mundial na área da
energia.
Jorge
Moreira da Silva, que falava na abertura da Conferência Energia para o
Desenvolvimento da CPLP, a decorrer até quinta-feira no Estoril, afirmou que se
estima "uma necessidade de investimento de 21 biliões de dólares (19
biliões de euros) para as redes de energia, para a eficiência energética e para
as energias renováveis", pelo que os países da CPLP não podem "deixar
de olhar para este quadro muito ambicioso de investimento disponível para a
área da energia, tanto na sua descarbonização como da segurança e
competitividade".
O
ministro acrescentou que "está em curso uma verdadeira revolução
tecnológica na área da energia, não apenas na área das energias renováveis, mas
também na prospeção na área dos hidrocarbonetos", sendo que "todos os
estudos apontam para investimentos muito significativos" no setor.
"Ainda
recentemente a Agência Internacional de Energia apresentou dados que apontam
para que as energias renováveis e a eletricidade serão o principal elemento do
'mix' energético no prazo de 15 anos", frisou.
Apesar
de grande parte dos países da CPLP terem grandes reservas de hidrocarbonetos,
Moreira da Silva aconselhou as nações, incluindo Portugal, a "encontrar
uma resposta eficiente, abrangente, inclusiva e ambiciosa para os desafios das
alterações climáticas".
O
ministro fez ainda uma antevisão da conferência sobre as alterações climáticas,
que irá decorrer em Paris em dezembro, afirmando que os países da CPLP têm de
"encontrar uma resposta à altura das responsabilidades", sendo que
está ao alcance.
"Tenho
uma grande esperança na cimeira de Paris, em especial porque já não existe
disputa no plano científico, existe mesmo uma vontade bastante alargada nesta
matéria. Basta verificar que 100 países à escala global, representando 80% das
emissões de gases, já apresentaram objetivos vinculativos das emissões",
observou.
Referindo-se
a Portugal, o ministro disse que o país conseguiu, neste últimos anos,
"não fazer da crise um pretexto para adiar, para transigir, para
hesitar" em fazer o que tinha de ser feito na área da energia.
"Fizemos
da crise uma razão adicional para ousar e para liderar as reformas na área da
energia, como na área do gás, das energias renováveis, na eficiência
energética, no setor elétrico, na fiscalidade verde, nas interligações",
adiantou Moreira da Silva, acrescentando que tal "permitiu que Portugal
não só exibisse resultados muito relevantes ao nível do seu desempenho
energético como também tem sido reconhecido como um país verde".
E
deu exemplos: "Conseguimos passar de 45% para 62% o peso das energias
renováveis na eletricidade nos últimos três anos e baixar a nossa dependência
energética para um nível recorde. Está em 71% quando em 2005 se situava nos
90%".
Estiveram
também presentes na abertura da conferência o ministro dos Negócios
Estrangeiros, Rui Machete, o secretário executivo da CPLP, Murade Murargy, o
presidente da confederação empresarial da CPLP, Salimo Abdula, e o presidente
da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras.
A
primeira Conferência Energia para o Desenvolvimento da CPLP pretende valorizar
este espaço geográfico para se afirmar como ator global do mapa da energia
mundial através de uma valorização do papel político, económico e financeiro do
setor.
Além
disso, quer reconhecer o potencial geoestratégico e geopolítico do setor à
escala global e incrementar e melhorar as parcerias, o ambiente de negócios, o
investimento e os modelos de cooperação.
AJG
// CSJ
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