O
Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, exortou nesta quarta-feira os mediadores
internacionais a ajudarem o Governo e a Renamo a acabarem com os confrontos
militares, assinalando que o povo tem urgência em que o país volte a ter paz.
"O
papel determinante é vosso, que a facilitação [que vai ser exercida pelos
mediadores] ajude a encontrar a solução que vá de encontro às expectativas da
população, para que não continue a morrer", afirmou Nyusi, falando no seu
gabinete de trabalho com os mediadores internacionais das conversações entre o
Governo e a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) para a restauração da paz
no país.
Enfatizando
que o povo é que deve ser o vencedor do actual processo negocial, Filipe Nyusi
afirmou que as negociações entre o Governo e o principal partido de oposição
devem resultar na paz definitiva em Moçambique.
"Que
de uma vez para sempre se conclua este "dossier", para que os
investimentos continuem em prol do desenvolvimento económico e social do país,
para não estarmos a desperdiçar tempo e forças", declarou.
Em
declarações aos jornalistas, à margem da reunião com o chefe de Estado, o
italiano Mario Raffaelli, um dos dois mediadores indicados pela União Europeia
(UE) e que chefiou a equipa de mediação do Acordo Geral de Paz de 1992 em
Moçambique, considerou positivo o encontro com Filipe Nyusi, mas recusou
alongar-se em comentários sobre o processo negocial.
"Sabem
que sou muito experiente em negociações de paz, mas não vou fazer declarações,
o encontro com o Presidente foi positivo", afirmou Raffaelli.
A
União Europeia (UE) indicou também Angelo Romano, da Comunidade de Santo
Egídio, a instituição que mediou, em 1992 em Roma, o Acordo Geral de Paz, para
as novas negociações entre Governo moçambicano e Renamo.
Além
da UE, o actual processo negocial conta com a mediação da Igreja Católica -
através do núncio em Maputo, Edgar Peña e do secretário da Conferência
Episcopal de Moçambique (CEM), João Nunes -, do ex-Presidente do Botsuana Quett
Masire, em representação da Fundação para a Liderança Global, com sede em
Londres, de um representante da Fundação Faith, dirigida pelo
ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair, e de um representante do Governo da
África do Sul.
Apesar
de as duas partes terem reatado as negociações, os ataques de supostos homens
armados da Renamo a veículos civis e militares em vários troços do centro do
país não têm cessado e o movimento acusa as Forças de Defesa e Segurança de
intensificarem os bombardeamentos na serra da Gorongosa, onde se presume
encontrar-se Afonso Dhlakama.
O
principal partido de oposição recusa-se a aceitar os resultados das eleições
gerais de 2014, ameaçando governar em seis províncias onde reivindica vitória
no escrutínio.
SAPO
TL com Lusa
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