Camberra,
06 nov (Lusa) -- O líder do principal partido da oposição da Austrália
qualificou hoje de "ridícula" a proposta governamental que pretende
banir para sempre os requerentes de asilo que chegam ao país de barco de
entrarem no país.
"A
ideia de que se vai dissuadir os traficantes de pessoas ao dizer que um
refugiado genuínio que se torne cidadão de outro país não poderá visitar a
Austrália em 2056 é simplesmente ridícula", disse o líder do Partido
Trabalhista, Bill Shorten, à televisão ABC, considerando que o plano foi
apresentado pelo primeiro-ministro, Malcolm Turnbull, para agradar à ala
conservadora de direita do Partido Liberal Nacional.
A
proposta de lei prevê que os requerentes de asilo que tenham tentado entrar na
Austrália de barco desde 19 de julho de 2013 e que foram enviados para centros
de detenção em Nauru ou Manus sejam para sempre impedidos de entrar na
Austrália, independentemente da razão, seja como turistas ou em viagem de
negócios por exemplo.
Bill
Shorten, que deve tomar uma decisão sobre se o seu partido irá apoiar ou não o
diploma, afirmou não haver sinais de Malcolm Turnbull estava a trabalhar num
programa de recolocação de requerentes de asilo em Nauru ou em Manus.
"Não
vemos sinais de que o governo tem qualquer plano de recolocação por concluir.
Eu pensava que talvez tivesse, como parte da arquitetura de um maior, mas eles
apressaram-se e negaram isso", apontou.
A
Austrália envia requerentes de asilo que tentam alcançar o país por barco para
centros em Nauru e na ilha de Manus, na Papua Nova Guiné, cujas condições têm
sido criticadas internacionalmente.
Camberra
iniciou em 2001 a detenção obrigatória de requerentes de asilo em terceiros
países e, em 2012, recuperou uma política para tramitar em países terceiros os
pedidos dos imigrantes que viajam para a Austrália por via marítima em busca de
asilo, com a abertura de centros de detenção na ilha de Manus (Papua Nova
Guiné) e em Nauru.
O
centro de Nauru tem mais de 400 homens, mulheres e crianças. Pouco mais de 800
requerentes de asilo encontram-se no de Manus, sendo que a Austrália concordou
fechar essa instalação na sequência de uma decisão do Supremo Tribunal da Papua
Nova Guiné.
A
Austrália interdita os requerentes de asilo de se estabelecerem no país, mesmo
que se venha a comprovar tratarem-se de refugiados.
Muitas
das pessoas que tentam chegar por via marítima à Austrália em busca de asilo
fogem de conflitos como os do Afeganistão, Darfur, Paquistão, Somália e Síria,
enquanto outros fogem da discriminação, como é o caso das minorias rohingya, da
Birmânia, e bidune, da região do Golfo Pérsico.
DM
(FV) // DM
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