Ensino
do português em Timor-Leste tem de ser mais exigente - SENEC portuguesa
Díli,
04 fev (Lusa) - O ensino da língua portuguesa em Timor-Leste precisa de fazer
mais exigências a Portugal mas também a Timor-Leste que nem sempre responde com
"um compromisso claro" nesta matéria, defendeu a secretária de Estado
da Cooperação portuguesa.
"Temos
de ser mais exigentes connosco, mas também temos de ser mais exigentes com
Timor, se Timor quer que ajudemos, designadamente em matéria da língua
portuguesa", afirmou a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e
Cooperação (SENEC), Teresa Ribeiro, em Díli.
"Aquilo
que notei e noto é que - embora os timorenses vejam um maior esforço e
interesse na língua portuguesa -, eventualmente o trabalho que temos vindo a
fazer, muitas vezes com enorme boa vontade, de alguma forma não tem do lado
timorense um compromisso claro, tem de ser olhado de outro modo", frisou.
A
SENEC falava na conclusão de uma visita a Timor-Leste, num encontro com dezenas
de agentes de cooperação portugueses que atuam no país, em áreas tão diversas
como a educação, defesa, justiça, segurança, entre outras.
O
apoio ao setor educativo e em particular ao ensino do português é uma das
principais linhas do programa alargado de cooperação bilateral de Portugal com
Timor-Leste, com iniciativas em vários setores em que se destaca o apoio com
cerca de 140 professores às escolas de referência, hoje conhecidas como Centros
de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE).
Considerando
que a questão do ensino do português é uma das grandes preocupações no quadro
da cooperação com Timor-Leste - que continua a ser prioridade na política
externa portuguesa, Teresa Ribeiro referiu-se às fraquezas que ainda se notam
em matéria de língua, apesar dos avanços conseguidos, dando como exemplo o
Parlamento Nacional.
"É
difícil construir um Estado, construir uma democracia em que metade do
parlamento não fala português. Como é que pode discutir os diplomas que ali são
produzimos, que ali vão para análise, para avaliação?", questionou.
"Não
pode exercer a sua missão fiscalizadora sobre o Governo e portanto não pode
senão ter um papel que é de fachada, que nada tem de substantivo e que nada
trás em termos de consolidação da democracia", sublinhou.
Durante
a sua visita, Teresa Ribeiro disse ter ouvido das autoridades timorenses a
"absoluta urgência" no apoio prioritário ao setor educativo e à
capacitação alargada de recursos humanos.
"Não
há nenhuma possibilidade de haver alguma prosperidade se essa educação, essa
qualificação de recursos não existir. Essa é uma área em que também Timor foi
muito vocal na sua discussão connosco, quanto à sua absoluta urgência, quanto à
sua absoluta prioridade", disse.
"Portugal
cá estará para dar o seu contributo e está muito apostado nesse setor",
afirmou.
Aos
cooperantes, Teresa Ribeiro agradeceu o "brio, dedicação e
patriotismo" com que trabalham tanto no apoio ao ensino do português como
no apoio ao fortalecimento das instituições timorenses.
"Mesmo
os que têm uma direção mais direta às autoridades timorenses, também eles estão
ao serviço de uma prioridade de Portugal que é que Timor-Leste seja um país com
instituições fortes, que se pauta pela observância dos direitos humanos, um
país que fala português, que mantém a ligação histórica com Portugal",
disse.
ASP//ISG
Cooperação
Portugal com Timor tem de ser "mais integrada" - SENEC
Díli,
04 fev (Lusa) - A cooperação de Portugal com Timor-Leste deve ter uma visão
"mais integrada" respondendo às preocupações com os bens públicos mas
também promovendo e envolvendo o setor privado, disse à Lusa a secretária de
Estado da Cooperação portuguesa.
"O
próximo programa estratégico de cooperação tem que ter preocupações com os bens
públicos globais, como a educação ou a saúde, mas (...) também precisamos de
promover o setor privado", afirmou a secretária de Estado dos Negócios
Estrangeiros e Cooperação (SENEC), Teresa Ribeiro, na conclusão de uma visita
de quatro dias a Timor-Leste.
"Promover
as condições para que o setor privado possa exercer a sua atividade no país,
para criar o tecido económico que é indispensável ao desenvolvimento do país.
Sem economia também não há país", afirmou.
Em
Timor-Leste, como noutros destinos, o setor privado "tem de estar presente
com a sua capacidade para transferir conhecimento, com as suas empresas para
darem o seu contributo e também ganharem com isso", frisou.
A
SENEC falava à Lusa na conclusão de uma visita de quatro dias que efetuou a
Timor-Leste e durante a qual se reuniu com o Presidente da República, com vários
membros do executivo e com vários dos agentes de cooperação portugueses que
atuam no país, em áreas tão diversas como a educação, defesa, justiça,
segurança, entre outras.
Na
agenda dos encontros esteve um ponto da situação da cooperação com Portugal e o
debate as linhas gerais, métodos e formatos que a cooperação futura adotará.
"A
mensagem que transmiti aos timorenses, e que de alguma forma já está
metabolizada por eles, é de que as melhores relações entre países são as que
são baseadas obviamente nos laços históricos e fraternos mas que trazem
benefícios para ambas as partes. Essas são sempre as relações ganhadoras e que
mais perduram", explicou à Lusa em Díli.
O
diálogo com as autoridades timorenses permitiu analisar os maiores desafios e
necessidades do país, especialmente a pensar no futuro quadro da cooperação,
pós 2017, em que é essencial que o apoio esteja integrado em aspetos como os
planos de desenvolvimento ou a intervenção de outras agências internacionais,
como a União Europeia.
"Tentarmos
colocar a nossa contribuição nesse contexto mais vasto do conjunto de esforços
que estão a ser feitos nestes país. Essa é a maneira de assegurarmos a
complementaridade das ações e multiplicar resultados", explicou.
Um
esforço, disse, que obriga a mais articulação entre os agentes da cooperação e
mais exigência na forma como os projetos são concebidos, avaliados e
monitorizados.
Em
Timor-Leste, destacou, há a oportunidade de ter à frente da missão da UE no
país um embaixador português, que permite "trabalhar de outra forma"
e conseguir mais acesso ao "músculo financeiro" europeu.
Teresa
Ribeiro explicou que essa é, aliás a estratégia do Governo português que está a
privilegiar as parcerias, apostando cada vez mais em modelos como a cooperação
delegada - executada por Portugal mas financiada por fundos europeus - ou
outras fontes de financiamento.
"Quando
os projetos são bons há sempre dinheiro. Quando alguém me vem dizer que não tem
recursos fico sempre desconfiada. Temos que saber ir buscar os recursos onde
eles existem, e há imensos recursos para a execução de projetos", disse,
num encontro com agentes da cooperação em Díli.
Teresa
Ribeiro disse que nos últimos seis anos Portugal obteve 32 milhões de euros de
financiamento através da cooperação delegada europeia, revelando que só este
ano o país conta lançar projetos deste tipo no valor de 127 milhões de euros.
"É
um enorme desafio para as instituições portuguesas, para o Camões, mas também
para os departamentos do Estado. Mas não queremos que isto fique só no Estado.
Estes mecanismos financeiros têm que beneficiar igualmente as consultoras, as
ONG, as empresas portuguesas", disse.
"Assim
é que aprenderão a trabalhar com regras muito mais difíceis e exigentes e que
sobretudo não estão apenas a associadas ou dependentes daquelas verbas que vem
do orçamento do Estado", considerou.
Teresa
Ribeiro, que chegou terça-feira a Timor-Leste, regressa hoje a Lisboa.
ASP//ISG
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