Díli,
20 fev (Lusa) - A Universidade Nacional Timor Lorosa'e (UNTL) vai incluir uma
disciplina obrigatória sobre pedagogia e didática da educação inclusiva, no
âmbito de um projeto mais amplo para apoiar alunos com necessidades especiais
educativas.
O
anúncio foi feito hoje pelo reitor da UNTL, Francisco Martins, que explicou que
a formação modular vai ser integrada em todos os cursos da Faculdade de
Educação, Arte e Humanidades e institucionalizar este componente na formação
dos professores de jardim-de-infância.
"Estratégias
para preparar os nosso estudantes e futuros educadores de Timor-Leste na área
da educação inclusiva fornecendo informação e estratégias pedagógicas e de
intervenção de modo a que saibam atuar adequadamente nas salas de aula caso tenham
alunos com deficiência e/ou necessidades educativas especiais", referiu.
Francisco
Miguel Martins falava no arranque do 1.º ciclo de cinema sobre a deficiência,
no âmbito de uma ação de sensibilização da UNTL que pretende trazer ao espaço
universitário o debate sobre esta temática.
Numa
mensagem lida no arranque do festival, o bispo de Baucau e presidente da
Conferência Episcopal de Timor-Leste, Basílio do Nascimento, destacou os
avanços conseguidos no passado recente para recolher o valor e o papel importante
que os portadores de deficiência podem ter.
Basílio
do Nascimento recordou, por exemplo, que a construção de rampas para
deficientes com mobilidade reduzida é ainda muito recente e que em muitos
locais continua a não haver condições adaptadas.
"A
deficiência deixou de ser uma razão de exclusão na sociedade e passou a ser uma
razão de admiração e de engrandecimento da própria sociedade humana",
afirmou.
O
prelado saudou os que continuam a trabalhar para permitir uma maior integração
aos deficientes timorenses, referindo neste caso o papel do professor
português, Hélder do Carmo, que deu o pontapé de saída em toda a iniciativa.
Hélder
do Carmo veio para Timor-Leste em 2014 com a mulher e criou vários projetos
para apoiar deficientes, em áreas tão diversas como ensino do português,
basquetebol em cadeira de rodas, natação adaptada, mergulho inclusivo e
rastreio de saúde auditiva.
Depois
de vários pedidos de apoio em Timor-Leste e Portugal - que ficaram sem resposta
- surgiu a oportunidade de avançar com a iniciativa na UNTL que agora vai ver
nascer um Centro Académico para a Inclusão (CAPI).
Isabel
Ferreira, primeira-dama, aproveitou a sua intervenção para apelar ao Estado
para dar mais atenção às necessidades especificas de cidadãos portadores de
deficiência, considerando que é essencial garantir o seu acesso á educação e
outros serviços.
Cidadãos
portadores de deficiência, disse, devem ter oportunidade de acesso para
"assim poderem ter o seu papel ativo no desenvolvimento nacional".
Miguel
Maia, pró-reitor de Provedoria e Aconselhamento, destacou a importância de
avançar para um sistema educativo onde se consiga responder às necessidades
educativas especiais.
"Estamos
na formação do Centro Académico para a Inclusão (CAPI), que tratará de procurar
respostas pedagogicamente adequadas para os alunos com deficiência e/ou
necessidades educativas especiais da UNTL", refere.
"Mas
também para levar a ação para fora da UNTL, intervindo diretamente na sociedade
e noutras escolas que possam acolher alunos com necessidades educativas
especiais", disse ainda.
ASP
// SB
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