Bangkok , 03 fev (Lusa) - As
autoridades da Birmânia (Myanmar) negaram hoje a existência de novas valas
comuns com cadáveres de muçulmanos de origem rohingya, quem têm sido forçados a
procurar refúgio no Bangladesh devido à repressão dos militares birmaneses.
Uma investigação da Associated
Press, assente em testemunhos de refugiados rohingya e em imagens captadas com
telemóveis, denunciou esta semana a existência de cinco valas comuns na aldeia
de Gu Dar Pyin, no estado occidental de Rakáin, onde terão sido enterradas 400
pessoas assassinadas pelo exército birmânes.
As autoridades da Birmânia
negaram a acusação depois de uma inspeção que incluiu entrevistas com
moradores, mas admitem continuar os esforços para apurar a verdade.
Os militares queixam-se, em contrapartida,
de terem sido atacados por rohingya armados com catanas e armas improvisadas.
Dezanove rohingya terão sido mortos em legítima defesa, alegam os militares.
Na quarta-feira, o enviado
especial das Nações Unidas para os direitos humanos na Birmânia considerou que
as operações violentas dos militares contra os muçulmanos de origem rohingya
têm "características de um genocídio".
Quase 700.000 muçulmanos de
origem rohingya fugiram das suas aldeias para o Bangladesh desde agosto devido
à repressão dos militares birmaneses.
A comunidade internacional,
sobretudo a ONU, tem exortado a líder do Governo birmanês, Aung San Suu Kyi, a
terminar com as perseguições à minoria muçulmana, frequentemente descritas como
uma "limpeza étnica".
A Birmânia não reconhece a
cidadania aos rohingya, que considera imigrantes bengalis, e sujeita-os a
diferentes tipos de discriminação, incluindo restrições à liberdade de
movimentos.
RBF (SO)//RBF
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