Díli, 01 fev (Lusa) - Os
principais partidos da oposição timorense deram hoje o primeiro passo para a
constituição de uma coligação pré-eleitoral, a Aliança para Mudança e Progresso
(AMP), que se apresentará às eleições antecipadas ainda sem data marcada.
O Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), o Partido Libertação Popular (PLP) e o Kmanek
Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO) - os três partidos da oposição no
atual Parlamento Nacional, onde são maioria - lideram a coligação.
"Os partidos CNRT, PLP e
KHUNTO celebram este memorando de entendimento para a formação de uma coligação
de partidos políticos", refere o texto assinado hoje em Díli por líderes
dos três partidos.
O memorando representa a
"abertura de um novo ciclo político capaz de assegurar paz, estabilidade e
desenvolvimento em Timor-Leste", com a formação "de um Governo forte
e suportado numa maioria parlamentar motivada e determinada em promover o
desenvolvimento do país, melhoria das condições de vida, a consolidação das
instituições democráticas e garantir o respeito pela constituição".
"Os partidos políticos que
formam a AMP continuam unidos, firmes e decididos em continuar a trabalhar
conjuntamente para criar condições de estabilidade e governabilidade
necessárias para promover o progresso do país e o bem-estar do povo",
refere o documento a que a Lusa teve acesso.
Outras forças políticas mais
pequenas, e sem representação parlamentar, devem juntar-se igualmente à AMP,
que deverá formalizar o processo de registo, como previsto na lei, junto do
Tribunal de Recurso.
A coligação, refere o memorando,
está aberto à participação de outras forças - incluindo as agrupadas Fórum
Democrático Nacional (FDN) - empenhados em desencadear "mudança para o
progresso, baseados em valores de liberdade, justiça e solidariedade".
Centenas de dirigentes,
militantes e apoiantes dos três partidos e de outras forças políticas
participaram no anúncio da coligação, hoje, num hotel em Díli, onde se ouviram
os hinos das três forças políticas e o de Timor-Leste.
Taur Matan Ruak, líder do PLP e
ex-Presidente da República, é o porta-voz da coligação que lidera em conjunto
com Xanana Gusmão, presidente do CNRT e José Dos Santos Naimori Bukar,
conselheiro e fundador do KHUNTO.
Além de Matan Ruak e de Naimori
assinou o documento o secretário-geral do CNRT, Francisco Kalbuadi que aos
presentes disse ter sido mandatado por Xanana Gusmão, que é esperado este mês
em Díli.
Xanana Gusmão, ausente de
Timor-Leste desde 11 de setembro do ano passado e que está esta semana a
liderar a delegação de Timor-Leste nas negociações com a Austrália sobre
fronteiras marítimas, em Sydney, não participou no encontro de hoje.
No seu discurso Taur Matan Ruak
destacou o facto de Timor-Leste estar a viver uma crise como a atual "pela
primeira vez na história", com a dissolução do Parlamento nacional e
outros momentos vividos a serem um "teste à constituição".
Agradecendo o trabalho feito
pelas bancadas e estruturas nacionais e locais dos partidos, Taur Matan Ruak
considerar essencial "trabalhar para dignificar a nação e o país" em
prol de um "povo que tanto lutou, que tanto sofreu, que se
sacrificou".
Agradecendo aos parceiros da
coligação do Governo, Fretilin e PD, "que apesar das diferenças sempre
atuaram com respeito, Matan Ruak apelou à população para que mantenha a
tranquilidade e calma dos últimos meses.
Taur Matan Ruak disse que a AMP
aceitava a decisão do Presidente da República avançar para eleições
antecipadas, apesar dos três partidos "terem condições para ser
alternativa".
Agora, disse, é importante
"trabalhar para vencer" para ampliar a maioria no parlamento e
convencer quem não votou a juntar-se à AMP.
Kalbuadi disse que as três forças
políticas estavam empenhadas em continuar juntas "em defesa do interesse
nacional e do interesse do povo", depois de um processo de aproximação no
parlamento "que exigiu paciência, vontade e trabalho incansável".
A AMP vai ainda acordar nos seus
símbolos, incluindo bandeira e logo, e depois concluir o processo de registo.
Fonte do CNRT confirmou à Lusa
que cada partido, internamente, vai agora realizar conferências ou congressos
para formalizar a sua participação na AMP, esperando-se depois uma reunião
magna da AMP.
A legislação determina que o
registo das coligações pré-eleitorais é um dos primeiros passos do calendário
eleitoral, que deverá ser conhecido nos próximos dias, quando a data das
eleições for anunciada pelo Presidente da República, Francisco Guterres Lu-Olo.
ASP // SB
Sem comentários:
Enviar um comentário