Díli, 07 abr (Lusa) - O
Presidente timorense apelou hoje aos líderes políticos do país para que na
campanha para as eleições de 12 de maio debatam programas, evitando ataques
pessoais, com propostas de consolidação do desenvolvimento e da paz em
Timor-Leste.
"Os cidadãos querem ouvir
falar do programa político para desenvolver Timor-Leste. Vamos fazer uma
campanha eleitoral livre, honesta e útil para melhorar o país", afirmou
Francisco Guterres Lu-Olo num discurso perante os principais líderes nacionais.
"Apelo aos líderes, aos
candidatos todos, aos ativistas e simples cidadãos: não insultem. Apresentem
políticas para o desenvolvimento. Para o bem do país, vamos trabalhar para
tornar esta eleição um acontecimento importante no caminho do desenvolvimento,
no processo de construção desta terra amada e no combate à pobreza em
Timor-Leste", frisou.
O chefe de Estado falava na sede
da Comissão Nacional de Eleições (CNE) no encerramento da cerimónia de
assinatura de um pacto de unidade nacional por representantes dos oito partidos
e coligações candidatos às eleições legislativas antecipadas de 12 de maio.
Centenas de pessoas, incluindo os
titulares dos órgãos de soberania, líderes políticos, sociais e religiosos do
país e representantes do corpo diplomático, acompanharam o evento, que começou
com rituais conduzidos por chefes tradicionais (lian nain).
A cerimónia decorreu dias antes
da campanha eleitoral que começa na terça-feira com os partidos políticos
espalhados em ações em praticamente todo o território timorense.
Falando diretamente aos líderes
partidários, "mais velhos ou mais novos", Lu-Olo pediu que as
críticas e os debates na campanha se foquem "nas políticas e nos programas
eleitorais que propõem" e "não no ataque às pessoas".
"Não tenho dúvida de que as
críticas podem ser necessárias e úteis para fazer o debate político avançar e
apontar caminhos para o desenvolvimento", afirmou.
"Mas, agora, quando
conquistámos a paz pelo sacrifício do nosso povo - do povo todo - os cidadãos
não querem ouvir mais ataques às pessoas. Os cidadãos não querem sentir-se
atacados por serem do partido A ou B ou C. Não", enfatizou.
Para Lu-Olo, as eleições de 12 de
maio devem servir para ajudar a "aprofundar a determinação dos
cidadãos" com o trabalho focado "nas prioridades de desenvolvimento
para melhorar as condições de vida do povo".
Frisando a importância do pacto
de unidade nacional dos partidos e coligações, o Presidente da República disse
que compete a todos os líderes políticos "garantir a paz, a estabilidade e
as condições para o exercício dos direitos dos cidadãos, incluindo o direito ao
desenvolvimento".
"Promover condições
favoráveis ao desenvolvimento é um dever de todos e, em primeiro lugar, dos que
querem estar na vanguarda do povo, para servir melhor Timor-Leste e os
timorenses", afirmou.
O voto de 12 de maio, relembrou,
é uma oportunidade para dar "uma nova demonstração da cultura democrática
do país e conquistar o reconhecimento e admiração da comunidade
internacional", transformando a política "num instrumento de
desenvolvimento e melhoria do bem-estar para todo o povo".
Deixando apelos à máxima
participação eleitoral para "reforçar a democracia" timorense, Lu-Olo
sublinhou a importância do pacto de unidade nacional, vincado em tradições
ancestrais que são a "raiz" do país mas que podem e devem ser
"harmonizadas" com a inovação necessária para o futuro.
"Juntos, em paz e em
estabilidade, podemos contribuir para Timor-Leste dar um salto em frente.
Juntos podemos continuar a desenvolver a nossa terra amada para que todos
possamos viver com mais bem-estar - agora e nos próximos cinco anos",
afirmou.
Lu-Olo recordou que mais do que
apenas simbólicas, os rituais tradicionais estão profundamente enraizados e
trazem consigo um fator de obrigatoriedade, com 'sanções' próprias a quem não
os respeitar e cumprir.
"Se o prevaricador julga que
fica impune engana-se, porque fica propenso a um agravo de consciência, mais
cedo ou mais tarde", disse, relembrando que a lei formal também prevê
sanções para quem não cumprir as regras eleitorais.
"Os que hoje assinaram este
Pacto de Unidade Nacional prometeram obediência. Acredito que o irão cumprir,
porque o fizeram com maturidade política e sinceridade, com um só objetivo:
servir o país e o povo que todos nós amamos", afirmou.
A qualidade da democracia do
país, disse, "é uma conquista" da sociedade timorense, que perante a
crise dos últimos meses demonstrou grande "maturidade política",
aspeto que deve nortear a ação da liderança política.
ASP// ATR
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