Figueira da Foz, Coimbra, 08 ago
(Lusa) - O PCP alertou hoje para a "crónica" falta de apoios à
indústria naval, que está a afetar os estaleiros da Figueira da Foz, de novo em
situação de insolvência, apesar dos compromissos contratuais com Timor-Leste.
"A presente situação de
insolvência desta unidade tem vários responsáveis sentados em diversas cadeiras
do poder. Em primeiro lugar, o Governo Central e os respetivos ministérios do
setor, totalmente de costas voltadas para o desenvolvimento e apoio à indústria
tradicional portuguesa", criticam os comunistas em comunicado.
No caso dos estaleiros navais da
Figueira da Foz, suportados pela empresa Atlantic Eagle Shipbuilding, o PCP
refere que, além de ficarem em causa as encomendas existentes, também a
credibilidade do Estado português sai afetada pelos "compromissos
assumidos com um país amigo, que acreditou na capacidade industrial do nosso
país e, na sua boa fé, se vê agora defraudado".
A administração portuária também
está na mira da estrutura comunista, por ser um "garrote ao
desenvolvimento de uma empresa que procura afirmar-se nesta atividade, mas que
se vê confrontada com rendas mensais na ordem dos 30 mil euros".
O município, liderado por João
Ataíde (PS), é também criticado por estar "mais interessada em projetos de
desenvolvimento urbanístico na margem sul" e nunca ter sentido que os
Estaleiros Navais, "foram e poderão continuar a ser marca capaz de
projetar a Figueira da Foz, tal como aconteceu no passado recente, no país e no
estrangeiro".
"Esta situação não pode
continuar! É necessária uma solução sustentável que assegure a manutenção desta
indústria, vital para a cidade, para a região e para o país", reclama o
PCP.
Também em comunicado, a Câmara da
Figueira da Foz salienta que esteve sempre ao lado da CGTP na defesa dos postos
de trabalho dos estaleiros navais.
"Voltámos a um ponto de
rutura, confrontando-nos agora com um novo processo de insolvência. Também
aqui, e mais uma vez em estreita colaboração com a Comissão de Trabalhadores e
a CGTP, tentámos viabilizar uma solução financeira, tendo como prioridade
assegurar a manutenção dos postos de trabalho e honrar os serviços
internacionais com a República de Timor", lê-se na nota.
O município rebate ainda as
responsabilidades no processo, estranhando que o PCP, "à revelia dos
trabalhadores, nos impute responsabilidades que comprovadamente declinamos,
acrescentando que não há, nem nunca houve por parte deste Executivo, a intenção
de urbanizar massivamente o espaço".
"Temos a plena consciência
de que tudo fizemos e continuaremos a fazer para que a investigação científica
e tecnológica se concretize neste concelho através do Marefoz", refere o
comunicado autárquico.
AMV // JLG
Na foto: Uma visita ao navio Haksolok
encomendado por Timor-Leste nos Estaleiros da Figueira da Foz | Atlanticeagle Shipbuilding
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