quarta-feira, 8 de julho de 2015

Hemiciclo de Macau vota quinta-feira proposta de lei que prevê fim do fumo nos casinos


Macau, China, 08 jul (Lusa) -- Os deputados de Macau votam, na quinta-feira, uma proposta de revisão à lei antitabaco, que proíbe totalmente o fumo em casinos, universidades e até em paragens de autocarros, bem como um agravamento do imposto.

A alteração ao Regime de Prevenção e Controlo de Tabagismo vem dilatar o atual universo de locais interditos e agravar as multas para os infratores. As multas, que hoje oscilam entre as 400 e 100.000 patacas (44 e 11.190 euros), sobem para valores entre as 1.500 e as 200.000 patacas (167 e 22.378 euros), à luz da proposta de lei.

O Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo tem vindo a ser aplicado de forma gradual. Entrou em vigor em 01 de janeiro de 2012, versando a generalidade dos espaços públicos, mas previa disposições distintas ou períodos transitórios para outros casos. Nos bares, salas de dança, saunas e casas de massagens, por exemplo, entrou em vigor em 01 de janeiro de 2015.

Os casinos passaram a ser abrangidos dois anos antes, mas apenas parcialmente, já que as seis operadoras de jogo foram autorizadas a criar zonas específicas para fumadores -- que não podiam ser superiores a 50% do total da área destinada ao público.

Em 06 de outubro de 2014, as zonas para fumadores foram, porém, substituídas por salas de fumo fechadas, com sistema de pressão negativa e de ventilação independente, passando a ser proibido fumar nas zonas de jogo de massas dos casinos e permitido somente em algumas áreas das zonas de jogo VIP.

O Executivo de Macau tornou clara, porém, no início do ano, a intenção de aplicar uma política de "tolerância zero" ao fumo, a qual figura em consonância com uma campanha antitabagismo na China.

A garantia de que os casinos não seriam exceção no quadro da "tolerância zero" -- plasmada na proposta de lei -- traduziu-se num "volte-face" para as seis operadoras de jogo que temem que mais um golpe nas receitas em rota descendente há mais de um ano.

Em meados de junho, Galaxy, Melco Crown, MGM, Sociedade de Jogos de Macau (SJM), Venetian e Wynn vieram, aliás, advertir para as consequências da medida, com base num estudo alegadamente independente encomendado a uma consultora internacional.

Dizia o estudo que trabalhadores e clientes apoiam a manutenção de salas de fumo nos casinos e, em paralelo, que 47% dos clientes VIP e 31% dos do segmento de massas -- de uma amostra total não especificada -- estavam preocupados com o impacto prejudicial no emprego e na economia de Macau em geral.

No âmbito do cerco ao tabaco, o Governo avançou também com uma proposta de agravamento do imposto sobre o tabaco e sucedâneos, propondo que a carga tributária represente mais de 70% do preço da venda a retalho -- contra a proporção atual na ordem dos 33% -- em consonância com as diretrizes da Organização Mundial de Saúde.

A proposta de alteração à tabela anexa ao Regulamento do Imposto de Consumo estabelece, por exemplo, que a taxa correspondente a cada cigarro passa de 0,50 para 1,50 patacas (0,05 para 0,17 euros), ou seja, por cada maço de 20 cigarros passa-se a cobrar 30 patacas (3,4 euros) em vez das atuais 10 (1,13 euros), um aumento de 200%.

A última atualização ao imposto sobre o tabaco e sucedâneos foi aprovada pela Assembleia Legislativa em finais de 2011.

Segundo dados divulgados, esta terça-feira, pelos Serviços de Saúde de Macau, sete em cada dez mortes devido a cancro resultam do tabagismo, na sua forma ativa ou passiva, sendo as perdas económicas resultante do mesmo, de acordo com o organismo, na ordem dos 474 milhões de patacas (53,9 milhões de euros).

DM (FV/ISG) // JPF

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