Coração
da União Europeia varrido por atentados terroristas
Terroristas
atacaram o coração da União Europeia: duas explosões no aeroporto de Bruxelas e
uma no metro, cerca das 8h (7h em Lisboa), fizeram pelo menos 34 mortos e 187
feridos (incluindo uma portuguesa). Atentando foi reivindicado pelo Daesh. “Foi
um ataque cego, violento e cobarde”, diz o governo belga. “Coragem,
determinação e unidade”, pedem os líderes europeus.
Passava
pouco das 8 horas da manhã em Bruxelas, menos uma hora em Portugal, quando duas
enormes explosões foram ouvidas no aeroporto de Zaventem. Fotografias e vídeos
da situação no local não tardaram a aparecer nas redes sociais. O
correspondente da SkyNews, que estava no duty free do aeroporto à hora do
ataque, apontou de imediato para a forte possibilidade de um atentado
terrorista. Essa versão viria a ser oficialmente confirmada pouco depois, com o
Ministério Público federal a explicar que um bombista-suicida se fez explodir
na zona das partidas do principal aeroporto belga. Relatos iniciais tinham dado
conta de que o ataque aconteceu frente ao balcão de informações da American
Airlines, uma informação entretanto desmentida pela companhia aérea.
Notícias
de um tiroteio minutos antes das explosões não foram oficialmente confirmadas,
embora a estação RTBF tenha já avançado que foi encontrada uma Kalashnikov no
hall de partidas do aeroporto. Segundo o canal televisivo VTM, foi igualmente
descoberto um colete suicida no aeroporto, que poderá pertencer a um terceiro
terrorista possivelmente em fuga. Esta informação ainda não foi confirmada por
mais nenhuma fonte.
Ao
longo da manhã, o balanço de vítimas foi sendo atualizado a cada meia hora. Ao
final da manhã em Bruxelas, as autoridades confirmavam que há pelo menos 34
mortos, 14 vítimas das explosões no aerporto de Zaventem e 20 na explosão que
atingiu uma estação de metro no centro de Bruxelas cerca de três horas depois
do primeiro atentado.
O
alerta foi dado pelas 11h locais nas redes sociais por jornalistas concentrados
em torno das instituições europeias, que começaram a divulgar imagens de fumo a
sair da estação de Maelbeek, na Rue de La Loi, após ter sido ouvida uma
estrondosa explosão. A movimentada estação fica situada bem perto da gare
central de Bruxelas e do edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia. O
jornal "La Capitale" diz que esta explosão se deu
durante uma operação posta em marcha após denúncias de um pacote suspeito
dentro da estação. A televisão belga RTBF avançou outra versão, citando uma fonte oficial anónima que
explicou que a bomba detonada estava na segunda carruagem do metro que passava
àquela hora na estação.
Mais
de mil soldados armados estão a patrulhar a cidade. A segurança foi reforçada
na sede da NATO em Bruxelas, situada a meio caminho entre o centro da cidade e
o aeroporto atingido.
Entre
as dezenas de feridos nos atentados desta manhã está pelo menos uma cidadã
portuguesa, confirmou à Lusa o secretário de Estado das Comunidades. Segundo
José Luís Carneiro, a mulher de 30 anos, natural de Coimbra, ficou ferida no
ataque de Maelbeek mas já está em casa e "fora de perigo" após ter
recebido assistência no hospital. “Conseguimos apurar esta informação fora do
quadro das informações oficiais”, explicou o governante à agência.
Estes
são os primeiros atentados a atingirem o coração da União Europeia, que estava
sob alerta desde que militantes do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh)
levaram a cabo uma série de atentados em Paris a 13 de novembro, provocando 130
mortos. A possibilidade de Bruxelas vir a ser palco de ataques semelhantes aos
da capital francesa ganhou força na sexta-feira passada, quando a polícia belga
e as forças especiais francesas capturaram Salah Abdeslam no bairro bruxelense
de Molenbeek. O cérebro dos atentados de Paris, com nacionalidade francesa mas
nascido e criado em Bruxelas, era o último dos suspeitos envolvidos nos
atentados de novembro ainda em fuga. Viveu escondido nos subúrbios da capital
belga até sexta-feira, quando foi detido, assumindo à polícia que estava a preparar um atentado em
Bruxelas.
Apesar
dessa informação privilegiada, as autoridades não conseguiram evitar os ataques
que varreram a cidade nesta fatídica terça-feira. Pouco depois das primeiras
explosões no aeroporto de Zaventem, o jornal belga "L'Echo" citou um relatório apresentado
em janeiro por inspetores do setor dos Transportes de uma das principais
centrais sindicais da Bélgica, a CGSP, onde eram apontadas graves falhas de
segurança no aeroporto. "Na prática, uma bomba numa mala de viagem tem
hipóteses de passar despercebida", apontaram os especialistas há menos de
três meses após uma inspeção aleatória em Zaventem.
Pelas
11h30 em Lisboa, mais uma hora em Bruxelas, o "L'Echo" avançava que
Bruges estava sob alerta, após uma brigada anti-explosivos ter sido chamada à
prisão daquela cidade, onde Salah Abdeslam está detido desde sexta-feira. A
notícia do jornal belga avançava a essa hora que um pacote suspeito tinha
motivado a mobilização de uma equipa de minas e armadilhas na cidade situada na
costa noroeste da Bélgica, a cerca de 100 quilómetros da capital. Esse artigo
online acabaria por ser removido pouco depois, sem qualquer outra informação ou
pormenor a ser avançado sobre a alegada operação.
Na
noite de ontem, o jornal francês "Libération" tinha avançado, num
artigo intitulado "Bruges: a outra célula de Salah Abdeslam", que a
cidade poderá estar a funcionar há vários meses como segundo centro de
operações de militantes do Daesh infiltrados na Bélgica.
Por
volta das 13h locais desta terça-feira, a CNN avançou que a família real belga
foi levada para um local seguro, com os media a confirmarem que o aeroporto já
estava totalmente vazio. Muitas das pessoas retiradas do local pelas autoridades foram levadas para um ginásio das proximidades.
Apesar
de simpatizantes do Daesh estarem a celebrar os atentados desta
terça-feira nas redes sociais, o grupo que, em 2013, anunciou a instalação de
um califado islâmico no Iraque e na Síria ainda não reivindicou estes ataques
nos seus canais oficiais.
Expresso
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