quarta-feira, 23 de março de 2016

ATENTADO TERRORISTA EM BRUXELAS MATA 34 E FERE 136. MEDO É A CARA DOS BELGAS


Coração da União Europeia varrido por atentados terroristas

Terroristas atacaram o coração da União Europeia: duas explosões no aeroporto de Bruxelas e uma no metro, cerca das 8h (7h em Lisboa), fizeram pelo menos 34 mortos e 187 feridos (incluindo uma portuguesa). Atentando foi reivindicado pelo Daesh. “Foi um ataque cego, violento e cobarde”, diz o governo belga. “Coragem, determinação e unidade”, pedem os líderes europeus.

Passava pouco das 8 horas da manhã em Bruxelas, menos uma hora em Portugal, quando duas enormes explosões foram ouvidas no aeroporto de Zaventem. Fotografias e vídeos da situação no local não tardaram a aparecer nas redes sociais. O correspondente da SkyNews, que estava no duty free do aeroporto à hora do ataque, apontou de imediato para a forte possibilidade de um atentado terrorista. Essa versão viria a ser oficialmente confirmada pouco depois, com o Ministério Público federal a explicar que um bombista-suicida se fez explodir na zona das partidas do principal aeroporto belga. Relatos iniciais tinham dado conta de que o ataque aconteceu frente ao balcão de informações da American Airlines, uma informação entretanto desmentida pela companhia aérea.

Notícias de um tiroteio minutos antes das explosões não foram oficialmente confirmadas, embora a estação RTBF tenha já avançado que foi encontrada uma Kalashnikov no hall de partidas do aeroporto. Segundo o canal televisivo VTM, foi igualmente descoberto um colete suicida no aeroporto, que poderá pertencer a um terceiro terrorista possivelmente em fuga. Esta informação ainda não foi confirmada por mais nenhuma fonte.

Ao longo da manhã, o balanço de vítimas foi sendo atualizado a cada meia hora. Ao final da manhã em Bruxelas, as autoridades confirmavam que há pelo menos 34 mortos, 14 vítimas das explosões no aerporto de Zaventem e 20 na explosão que atingiu uma estação de metro no centro de Bruxelas cerca de três horas depois do primeiro atentado.

O alerta foi dado pelas 11h locais nas redes sociais por jornalistas concentrados em torno das instituições europeias, que começaram a divulgar imagens de fumo a sair da estação de Maelbeek, na Rue de La Loi, após ter sido ouvida uma estrondosa explosão. A movimentada estação fica situada bem perto da gare central de Bruxelas e do edifício Berlaymont, sede da Comissão Europeia. O jornal "La Capitale" diz que esta explosão se deu durante uma operação posta em marcha após denúncias de um pacote suspeito dentro da estação. A televisão belga RTBF avançou outra versão, citando uma fonte oficial anónima que explicou que a bomba detonada estava na segunda carruagem do metro que passava àquela hora na estação.

Mais de mil soldados armados estão a patrulhar a cidade. A segurança foi reforçada na sede da NATO em Bruxelas, situada a meio caminho entre o centro da cidade e o aeroporto atingido.

Entre as dezenas de feridos nos atentados desta manhã está pelo menos uma cidadã portuguesa, confirmou à Lusa o secretário de Estado das Comunidades. Segundo José Luís Carneiro, a mulher de 30 anos, natural de Coimbra, ficou ferida no ataque de Maelbeek mas já está em casa e "fora de perigo" após ter recebido assistência no hospital. “Conseguimos apurar esta informação fora do quadro das informações oficiais”, explicou o governante à agência.

Estes são os primeiros atentados a atingirem o coração da União Europeia, que estava sob alerta desde que militantes do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh) levaram a cabo uma série de atentados em Paris a 13 de novembro, provocando 130 mortos. A possibilidade de Bruxelas vir a ser palco de ataques semelhantes aos da capital francesa ganhou força na sexta-feira passada, quando a polícia belga e as forças especiais francesas capturaram Salah Abdeslam no bairro bruxelense de Molenbeek. O cérebro dos atentados de Paris, com nacionalidade francesa mas nascido e criado em Bruxelas, era o último dos suspeitos envolvidos nos atentados de novembro ainda em fuga. Viveu escondido nos subúrbios da capital belga até sexta-feira, quando foi detido, assumindo à polícia que estava a preparar um atentado em Bruxelas.

Apesar dessa informação privilegiada, as autoridades não conseguiram evitar os ataques que varreram a cidade nesta fatídica terça-feira. Pouco depois das primeiras explosões no aeroporto de Zaventem, o jornal belga "L'Echo" citou um relatório apresentado em janeiro por inspetores do setor dos Transportes de uma das principais centrais sindicais da Bélgica, a CGSP, onde eram apontadas graves falhas de segurança no aeroporto. "Na prática, uma bomba numa mala de viagem tem hipóteses de passar despercebida", apontaram os especialistas há menos de três meses após uma inspeção aleatória em Zaventem.

Pelas 11h30 em Lisboa, mais uma hora em Bruxelas, o "L'Echo" avançava que Bruges estava sob alerta, após uma brigada anti-explosivos ter sido chamada à prisão daquela cidade, onde Salah Abdeslam está detido desde sexta-feira. A notícia do jornal belga avançava a essa hora que um pacote suspeito tinha motivado a mobilização de uma equipa de minas e armadilhas na cidade situada na costa noroeste da Bélgica, a cerca de 100 quilómetros da capital. Esse artigo online acabaria por ser removido pouco depois, sem qualquer outra informação ou pormenor a ser avançado sobre a alegada operação.

Na noite de ontem, o jornal francês "Libération" tinha avançado, num artigo intitulado "Bruges: a outra célula de Salah Abdeslam", que a cidade poderá estar a funcionar há vários meses como segundo centro de operações de militantes do Daesh infiltrados na Bélgica.

Por volta das 13h locais desta terça-feira, a CNN avançou que a família real belga foi levada para um local seguro, com os media a confirmarem que o aeroporto já estava totalmente vazio. Muitas das pessoas retiradas do local pelas autoridades foram levadas para um ginásio das proximidades.

Apesar de simpatizantes do Daesh estarem a celebrar os atentados desta terça-feira nas redes sociais, o grupo que, em 2013, anunciou a instalação de um califado islâmico no Iraque e na Síria ainda não reivindicou estes ataques nos seus canais oficiais.

Expresso

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