Díli,
25 abr (Lusa) - Os horrores da segunda Guerra Mundial aproximaram como nunca
até então Timor-Leste e a Austrália e forjaram os laços de amizade e
solidariedade entre os dois povos, disse hoje o primeiro-ministro timorense.
"Embora
não possamos nunca esquecer os horrores da segunda Guerra Mundial, sabemos
também que foi nessa guerra que foram construídos os fortes laços de amizade e
solidariedade que unem os povos de Timor-Leste e da Austrália", disse Rui
Maria de Araújo, numa cerimónia para recordar os membros do Australian and New
Zealand Army Corps (ANZAC) que lutaram em Gallipoli na primeira Guerra Mundial.
Uma
das datas mais importantes do calendário australiano, o dia de ANZAC é
atualmente de memória de todos os que "serviram e morreram em guerras,
conflitos e operações de paz" e há vários anos conta com a participação de
veteranos timorenses em cerimónias em Timor-Leste e na Austrália.
"A
tradição do ANZAC faz-nos recordar os sacrifícios que foram feitos para que a
nossa região e o mundo pudessem ser livres", afirmou Rui Maria Araújo.
"Em
Timor-Leste conhecemos pessoalmente a bravura dos ANZAC. Na segunda Guerra
Mundial tivemos soldados australianos a combater e a morrer no nosso solo.
Foram homens notáveis e excecionais que suportaram enormes privações enquanto
travavam uma guerra desigual na defesa do seu país", sublinhou, perante
membros do corpo diplomático, incluindo os embaixadores da Nova Zelândia e da
Austrália, e elementos das comunidades dos dois países que vivem em Díli.
"Os
timorenses sentem também orgulho pelo facto de muitos de nós terem arriscado as
suas vidas para apoiar estes soldados australianos. Muitos destes soldados
vieram mais tarde a dedicar as suas vidas a saldar esta 'dívida de honra' para
com o nosso povo. Hoje honramos esses admiráveis australianos", afirmou
ainda.
Recordando
"os homens e mulheres que combateram e tombaram em nome da
liberdade", Rui Araújo relembrou também o papel dos soldados que
participaram na Interfet e na Força Internacional de Estabilização em
Timor-Leste, em 1999 e 2006, respetivamente.
"Se
Timor-Leste vive agora em paz há muitos anos é, em parte, graças ao contributo
dos soldados da Austrália e da Nova Zelândia. Hoje queremos também
agradecer-lhes pelo seu apoio e pela sua dedicação ao nosso povo",
afirmou.
À
semelhança do que tem ocorrido nos últimos anos, uma delegação de veteranos
timorenses deslocou-se à Austrália para participar em cerimónias ANZAC em
várias cidades (Perth, Sidney, Brisbane e Camberra).
O
ex-comandante da resistência timorense e atual ministro do Planeamento e
Investimento Estratégico, Xanana Gusmão, lidera a delegação de quase 30 pessoas
que inclui ainda, entre outros, o vice-ministro da Solidariedade Social, Miguel
Marques Manetelu, o ex-presidente do Parlamento Nacional e presidente da
FRETILIN, Francisco Guterres (Lu-Olo), e o Coronel Falur Rate Laek, em representação
das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL).
Em
Perth, onde os veteranos timorenses participaram em cerimónias na tarde de
domingo e durante a manhã de hoje, Grahame Edwards, presidente em Perth da
Returned and Services League (RSL) - uma das principais organizações de
veteranos na Austrália - destacou as ligações entre os dois países.
"Muitos
comandos australianos estiveram isolados em Timor-Leste durante a segunda
Guerra Mundial. Se não tivesse sido pelo incrível apoio e ajuda logística e
outra dos timorenses, teria sido muito difícil escaparem", afirmou.
Xanana
Gusmão, por seu lado, numa intervenção nas cerimónias, recourdou não apenas os
soldados australianos mas também os timorenses.
"Nunca
podemos esquecer os horrores da guerra, não apenas para os soldados mas para as
suas famílias. Recordar isso relembra-nos a importância da paz. E as forças
armadas devem começar a pensar [se] estamos a preparar-nos para a paz",
afirmou.
ASP
// MP
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