Lisboa,
25 abr (Lusa) - Vinte e um países, incluindo Cabo Verde e Timor Leste, estão em
condições de eliminar o paludismo nos próximos cinco anos, anunciou hoje a
Organização Mundial de Saúde, para assinalar o Dia Mundial da Malária.
Em
maio de 2015, a Assembleia Mundial da Saúde aprovou uma nova Estratégia Técnica
Global para a Malária, com objetivos para o controlo e a eliminação da doença
entre 2016 e 2030.
Uma
das metas previa a eliminação da malária em pelo menos dez países até 2020, e
segundo o relatório agora divulgado esta meta poderá ser alcançada e até
superada.
O
relatório identifica 21 países que estão em posição de eliminar a doença nos
próximos cinco anos.
Para
alcançar este objetivo, um país deve conseguir registar zero casos de
transmissão indígena de malária em pelo menos um ano até 2020.
"O
nosso relatório aponta os holofotes aos países que estão bem encaminhados para
eliminar a malária", disse Pedro Alonso, diretor do Programa Global da
Malária, da Organização Mundial da Saúde (OMS), citado num comunicado da
organização.
Entre
os 21 países destacados no relatório, intitulado "Eliminar a
Malária", estão Cabo Verde e Timor-Leste.
Os
autores referem-se ainda a São Tomé e Príncipe: Espera-se que o país elimine a
malária até 2025, mas, com o financiamento adequado e vontade política, essa
meta pode ainda ser alcançada até 2020.
Segundo
o relatório agora divulgado, São Tomé e Príncipe registou menos de mil casos em
2014, e o último relatório mundial dava conta de 1.754 casos e zero mortes
registados no país em 2013.
Cabo
Verde, por seu lado, registou em 2014 um total de 46 casos de malária, 20 dos
quais foram importados, e duas mortes devido à doença, também conhecida como
paludismo.
Segundo
o mais recente relatório da OMS sobre a malária, divulgado em setembro, este é
o único país lusófono na fase de pré-eliminação da malária, onde se encontra
desde 2010.
Sobre
Timor-Leste, a OMS escreve que o país alcançou uma redução substancial na
incidência da malária, com uma queda de mais de 5.000 casos em 2012 para 342
casos confirmados em 2014, e relatou uma morte devida ao paludismo.
Apesar
de 90% da população viver em áreas com transmissão ativa de malária, a OMS
escreve que 100% das pessoas que vivem em zonas de elevado risco estão
protegidas por redes mosquiteiras impregnadas de inseticida e 30% foram abrangidas
por pulverizações domésticas com inseticida.
Os
outros países em vias de alcançarem a eliminação da malária em 2020 são a
Argélia, o Botsuana, Comores, África do Sul e Suazilândia, em África; Belize,
Costa Rica, Equador, El Salvador, México, Paraguai e Suriname, nas Américas;
Irão e Arábia Saudita, na região do Mediterrâneo Oriental; Butão e Nepal, na
região do Sudeste asiático, e China, Malásia e Coreia do Sul, na região do
Pacífico ocidental.
A
OMS recorda no relatório hoje publicado que a eliminação não representa o fim
da luta contra a malária e que os países têm depois de prevenir ressurgimentos.
A
importação de casos de malária, por viajantes ou migrantes, implica o risco de
um reacendimento da transmissão local do parasita em zonas onde subsista o
mosquito Abopheles, que transmite a doença.
Pedro
Alonso sublinhou a necessidade de maior investimento, sobretudo em regiões com
elevadas taxas de transmissão de malária, em particular em África.
"Salvar
vidas tem de ser a nossa primeira prioridade", afirmou.
A
malária é provocada por um parasita do género Plasmodium, que é transmitido aos
seres humanos através da picada de uma fêmea do mosquito Anopheles.
Existem
várias espécies, mas o Plasmodium falciparum é o mais perigoso para os humanos
e o mais prevalente em África, onde se concentram 90% das mortes pela doença.
Os
primeiros sintomas da malária são febre, dores de cabeça e vómitos e aparecem
entre 10 e 15 dias depois da picada do mosquito, mas se não for tratada, a
malária por P. falciparum pode progredir para uma fase grave e acabar por
matar.
O
combate à doença passa por uma diversidade de estratégias, que passam pela
prevenção, através do uso de redes mosquiteiras impregnadas de inseticida e
pulverização do domicílio, assim como pelo diagnóstico e tratamento dos casos
confirmados com medicamentos anti-maláricos.
Ainda
não existe qualquer vacina para a doença, embora recentemente a OMS tenha
aprovado a realização de estudos piloto da candidata mais avançada.
FPA
// VM
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