Díli,
16 mai (Lusa) - O atual comando das forças de Defesa timorenses (F-FDTL) deverá
prolongar o seu mandato durante pelo menos um ano enquanto se debate mais
alargadamente o futuro da instituição, confirmaram à Lusa fontes militares e do
Governo.
As
fontes, ouvidas pela Lusa, explicaram que a reunião do Conselho Superior de
Defesa e Segurança (CSDS), prevista para terça-feira - e que será a terceira em
que o assunto é tratado - deverá ser definitiva para ultrapassar o impasse que
se arrasta nesta questão.
As
mesmas fontes sublinham que o chefe de Estado, Taur Matan Ruak, deverá anunciar
em algum momento depois do encontro a sua decisão de renovar, temporariamente,
o mandato do chefe do Estado-Maior das Forças Armadas (CEMGFA), Lere Anan
Timur, e do seu número dois, o brigadeiro-general Filomeno da Paixão de Jesus.
Esta
foi a proposta inicial do Governo, mas que Taur Matan Ruak sempre rejeitou
optando, inicialmente por exonerar Lere e promover Filomeno Paixão e, depois,
seguindo uma segunda alternativa do Governo, por substituir ambos,
respetivamente pelo capitão-de-mar-e-guerra Donaciano Gomes (Pedro Klamar Fuik)
e pelo coronel Calisto dos Santos (Coliati) como vice-CEMGFA.
Ambas
as decisões foram anunciadas pela Presidência mas nunca implementadas e a segunda
- anunciada há dois meses - suscitou fortes críticas, quer do próprio Lere Anan
Timur, quer de outros veteranos timorenses.
Questionado
hoje sobre o fim do impasse, o primeiro-ministro, Rui Maria de Araújo,
confirmou à Lusa, sem elaborar sobre o teor da decisão em si, que o Presidente
da República deverá anunciar a decisão após o encontro de terça-feira do CSDS.
"A
próxima reunião é amanhã e depois dela o senhor Presidente anunciará a sua
decisão", afirmou.
Rui
Araújo disse que desde o início deste debate que o Governo "sempre
defendeu a continuação" por "questões de estabilidade, de
continuidade, de transição programada e paulatina".
"O
senhor Presidente tem as suas opiniões. Depois da reunião que teve com os
veteranos está a considerar a proposta que o Governo pôs na mesa e depois da
próxima reunião o PR vai tomar uma decisão", afirmou.
Trata-se,
afirmou Rui Araújo, de olhar para o que está em curso como uma transição que
"está a ser feita a nível de todo o Estado, no Governo, no Parlamento e
vários órgãos de Estado" mas que, no caso das forças de defesa, deve ser
vista de forma "diferente".
"Nas
F-FDTL, que é uma instituição que garante a estabilidade do país, as questões
terão que ser mais bem ponderadas, particularmente do ponto de vista de
garantir que haja condições para uma sucessão bem feita e que depois não tenha
repercussão na estabilidade de todo o país", afirmou.
Sobre
o facto de a lei em vigor prever a reforma dos militares aos 60 anos, Rui
Araújo sublinhou que a lei também "abre a possibilidade para uma
prorrogação do mandato anual tendo em conta a necessidade do país".
"E
a realidade é essa: o país ainda necessita da presença dos que já ultrapassaram
60 anos mas que, pela sua participação como atores principais da luta de
libertação têm uma autoridade moral que pode garantir a estabilidade interna
das forças", afirmou.
"É
isso que o Governo pensa que se deve manter por enquanto", sublinhou.
ASP
// VM
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