Díli,
21 nov (Lusa) - O presidente do segundo partido timorense, Xanana Gusmão,
anunciou hoje um acordo com os líderes das restantes forças da oposição para
uma Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) que está "preparada para servir o
país".
"Depois
de diálogo com os dirigentes do PLP e do KHUNTO sobre a situação política
sentimos a grande obrigação de responder ao interesse da nação. Hoje fazemos um
acordo político entre os três partidos", disse Xanana Gusmão, numa
mensagem divulgada na página do seu partido, o Congresso Nacional da
Reconstrução Timorense (CNRT), no Facebook.
"Dirigindo-nos
com todo o respeito ao Presidente da República, saudando todas as instituições
do Estado, afirmamos que os três unidos na Aliança de Maioria Parlamentar (AMP)
estamos prontos para responder à situação difícil do país", disse na
mensagem.
Xanana
Gusmão falava em Singapura ladeado pelos líderes dos outros dois partidos da
oposição, Taur Matan Ruak, presidente do Partido Libertação Popular (PLP) e
José dos Santos Naimori, líder do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan
(KHUNTO).
Tratou-se
do primeiro encontro com registo de imagens dos líderes dos três partidos que
estão aliados e que querem ser alternativa de Governo e a primeira declaração
pública alargada de Xanana Gusmão sobre a situação política desde que saiu de
Timor-Leste, no passado dia 11 de setembro.
"Nós,
líderes dos partidos, estamos prontos para lidar com a situação difícil. Nós,
os líderes dos partidos políticos sentimos grande responsabilidade de nos
preparar para resolver a situação e esta crise política, a bem do povo",
afirmou Xanana Gusmão.
"A
competência para resolver esta situação está com o Presidente da República,
doutor Francisco Guterres Lu-Olo. Eu espero que se cumpra a Constituição e
daremos todo o apoio para que se cumpra a Constituição, que é o garante do
Estado e da nação", disse.
Na
intervenção, Xanana Gusmão dirigiu-se "a todo o povo de Timor-Leste"
e em particular aos militantes dos três partidos numa mensagem "de
confiança".
"O
Presidente da República disse que sente orgulho pelos aspetos positivos da
situação, pelo facto de a sociedade começar a discutir Constituição, começar a
compreender o processo de construção do Estado. Concordamos os três com a
afirmação do PR. A situação faz parte do processo de construção do Estado e de
construção da nação", disse.
Afirmando
que o povo timorense "não se deve preocupar" com a situação e
agradecendo a "grande maturidade política" que tem mostrado, Xanana
Gusmão disse que os líderes políticos estão "empenhados em resolver a
situação", referindo-se ainda a comentários sobre a polémica coligação
CNRT-PLP.
"Tem
havido muita especulação sobre os três partidos. Hoje nós os três
comprometemo-nos perante todo o povo. Assumiremos a responsabilidade perante
todos, a responsabilidade e o dever de servir. Esse é o nosso compromisso
perante todo o povo, perante os companheiros do KHUNTO, PLP e CNRT",
disse.
O
anúncio da coligação de oposição causou surpresa pelo facto de Xanana Gusmão
ter repetidamente garantido que o partido não faria parte de qualquer coligação
de Governo, e pela tensão que marcou a relação entre Xanana Gusmão e Taur Matan
Ruak, depois de este ter comparado o líder histórico ao ditador indonésio
Suharto.
Depois
desse discurso, Xanana Gusmão chegou mesmo a devolver ao chefe de Estado uma
medalha que lhe foi concedida por serviços à nação.
"Há
quem diga que depois da tensão entre o Xanana e o Taur há agora um acordo.
Todos somos humanos e é normal. Quando o interesse nacional nos move aos dois,
e apesar das diferenças, pequenas, entre os dois, temos que ter coragem e
manter o compromisso", afirmou hoje.
"O
bloco tem que se preparar para responder à situação que enfrentamos. Estamos
prontos. A AMP está pronta. Não obrigamos o PR a nada, a violar a Constituição.
Mas este é um grande compromisso: se a AMP tiver a confiança política,
assumiremos a responsabilidade de servir a nação, servir o povo e lutar pelo
bem-estar do Estado", garantiu.
A
declaração feita num encontro no fim de semana em Singapura foi divulgada 24
horas depois de a oposição ter apresentado uma moção de censura ao Governo.
O
Governo minoritário é apoiado pelos 23 deputados da Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin) e pelos sete do Partido Democrático (PD) e
viu, no passado dia 19, o seu programa chumbado por uma moção de rejeição.
Se
a moção de censura for aprovada, o Governo é demitido e o Presidente da
República, Francisco Guterres Lu-Olo, tem que escolher entre uma nova solução
governativa no atual cenário parlamentar ou convocar eleições antecipadas.
ASP
// VM
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