Díli,
21 nov (Lusa) - O presidente do segundo partido timorense, Xanana Gusmão,
apelou hoje ao chefe de Estado para que encontre uma solução política para o
país que respeite a Constituição, afirmando que os líderes políticos estão
preparados para assumir a sua responsabilidade.
"Nós,
líderes dos partidos, estamos prontos para lidar com a situação difícil. Nós,
os líderes dos partidos políticos sentimos grande responsabilidade de nos
preparar para resolver a situação e esta crise política, a bem do povo",
afirmou o líder do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT).
"A
competência para resolver esta situação está com o Presidente da República,
doutor Francisco Guterres Lu-Olo. Eu espero que se cumpra a Constituição e
daremos todo o apoio para que se cumpra a constituição, que é o garante do
Estado e da nação", disse, na declaração transmitida pela televisão
pública timorense, a RTTL.
Xanana
Gusmão falava em Singapura ladeado pelos líderes dos outros dois partidos da
oposição, Taur Matan Ruak, presidente do Partido Libertação Popular (PLP), e
José dos Santos Naimori, líder do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan
(KHUNTO).
Tratou-se
do primeiro encontro com registo de imagens dos líderes dos três partidos que
estão aliados e que querem ser alternativa de Governo.
Fonte
que testemunhou o encontro explicou à Lusa que Matan Ruak e Naimori viajaram de
Timor-Leste no sábado para Singapura, onde já estava Xanana Gusmão que
participou esta semana em mais uma ronda negocial sobre as fronteiras marítimas
com a Austrália.
Os
três líderes tinham sido mandatados pelos respetivos partidos para negociar a
formação de uma Aliança de Maioria Parlamentar (AMP) como alternativa ao
Governo minoritário apoiado pela coligação da Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin) e do Partido Democrático (PD).
Um
outro vídeo do encontro, cedido à Lusa, mostra um abraço emocionado dos três
líderes políticos.
O
anúncio da coligação de oposição tem causado surpresa, quer pelo facto de
Xanana Gusmão ter repetidamente garantido que o partido não faria parte de
qualquer coligação de Governo, quer pela tensão que tem marcado a relação entre
Xanana Gusmão (presidente do CNRT) e Taur Matan Ruak, depois de este ter
comparado o líder histórico ao ditador indonésio Suharto.
Depois
desse discurso, Xanana Gusmão chegou mesmo a devolver ao chefe de Estado uma
medalha que lhe foi concedida por serviços à nação.
A
campanha do PLP para as eleições legislativas ficou ainda marcada pela forte
contestação à governação e políticas do CNRT, em particular no que toca às
prioridades, com críticas à aposta em grandes projetos.
Não
há outra informação sobre a reunião ou sobre as decisões que saíram do
encontro, que decorreu num momento de grande tensão política com a oposição
apresentarem uma moção de censura ao Governo, que poderá ser votada já esta
semana.
O
Governo minoritário é apoiado pelos 23 deputados da Frente Revolucionária do
Timor-Leste Independente (Fretilin) e pelos sete do Partido Democrático (PD) e
viu, no passado dia 19, o seu programa chumbado por uma moção de rejeição.
Descontente
com o facto de o Governo não ter apresentado ainda o programa, a oposição leu
uma declaração política na sessão plenária de segunda-feira em que anunciou uma
moção de censura ao Governo.
Os
três partidos da oposição tinham anunciado já que iam formar uma Aliança de
Maioria Parlamentar (AMP) que se oferecia como alternativa de governação no
caso da queda do Governo, tendo os partidos mandatado os seus líderes para
negociar formalmente esse acordo.
Se
a moção de censura for aprovada, o Governo é demitido e o Presidente da
República, Francisco Guterres Lu-Olo, tem que escolher entre uma nova solução
governativa no atual cenário parlamentar ou convocar eleições antecipadas.
ASP
// VM
Foto: Imagem
extraída por TA de vídeo GMN TV em Jornal Nacional.
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